Ya'wara, îagûara, yagoara ou simplesmente jaguar. A palavra, derivada do tupi para designar a “fera que mata com um só golpe” ou diferentes tipos de onça em todo o mundo, está prestes a rugir em Nova York se materializando em uma exposição de arte.
Em setembro, durante a 77ª Assembleia Geral da ONU, quando os líderes globais estarão reunidos em Nova York, firmando compromissos para um futuro mais sustentável, 40 esculturas do felino, customizadas por artistas brasileiros, serão exibidas em pontos icônicos como Central Park, Rockefeller Center, WTC, Hudson Yards e o próprio prédio das Nações Unidas para chamar atenção para a necessidade de preservação da onça-pintada e de seu ecossistema.
A ação faz parte da Jaguar Parade, primeiro projeto autoral da produtora brasileira Artery, especializada em eventos de arte urbana, que apenas duas edições após ser criada já decola em voo internacional. Com previsão de desembarcar ainda em outros países latino-americanos, como México e Colômbia, e ganhar vertentes dentro dos “big cats” com propostas como o Puma Parade, em Los Angeles, em 2023, e o Lions Parade, em Londres, em 2024. “A parceria com a ONU e a ida para Nova York sem dúvida leva a empresa para outro patamar”, afirma Giovane Pasa, sócio-diretor da Artery.
A Jaguar Parade é inspirada no modelo de negócio da Cow Parade – criada em 1998 pelo americano Jerry Elbaum a partir do trabalho do artista suíço Pascal Knapp – e na The Elephant Parade, de origem holandesa, ambas já licenciadas e realizadas pela Artery, no Brasil.
O projeto prevê o patrocínio de empresas para a confecção e customização das esculturas por artistas plásticos pré-selecionados – alguma delas em sessões de live painting –, a exposição das peças em lugares de grande circulação e, posteriormente, um leilão das obras com 100% da receita líquida revertida a instituições ligas à preservação da espécie.
“Essa é uma plataforma muito interessante para as marcas se posicionarem em prol de uma causa ambiental ou social, aliada a arte livre e democrática”, garante Pasa, fundador da produtora.
Nascida em 2011, a partir da experiência de Pasa com o licenciamento da Cow Parade em Florianópolis, a Artery viu nos eventos autorais que unissem arte urbana e causas sociais ou ambientais o caminho para crescer.
Em 2015, trouxe para o Brasil a Elephant Parade, que teve edições em Santa Catarina, São Paulo (2017 e 2018), Canoas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro (2018), Brasília e Campinas (2019), com média de R$ 2 milhões de captação em patrocínios e R$ 500 mil de arrecadação nos leilões dos eventos maiores.
Foi após ver a adesão do público à causa do elefante, mesmo se tratando de um animal distante da nossa biodiversidade, que ele teve a ideia de criar a Jaguar Parade, com a onça-pintada como mote.
Para a edição da Jaguar Parade deste ano, iniciada em São Paulo no fim de maio, a empresa conta com o patrocínio da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, por intermédio da Lei de Incentivo à Cultura, ISA CTEEP e PremieRpet.
Além do apoio de programas e escritórios da ONU como os de Desenvolvimento e Meio Ambiente, e o UNODC (United Nations Office on Drugs and Crimes), e das ONGs Phantera, WWF, WCS e The Lion’s Share Found, que receberão os valores arrecadados.
“O interesse e os aportes das empresas cresceram muito depois da pandemia. Fazíamos, em geral, dois eventos por ano. Agora temos demanda para fazer cinco a seis. Um patrocínio Master que era de R$ 750 mil em 2019 foi vendido por pouco mais de R$ 2 milhões com esse projeto de Nova York”, conta Pasa.
Pintadas por artistas como Vinícius Zoia, Cecil Chique, Cintia Abravanel, Luiz Escañuela e Celair Ramos (Buga), as onças da Jaguar Parade ficarão em exposição até 15 de julho em espaços públicos e shoppings na capital paulista, como o Cidade São Paulo, D, Tietê Plaza, além do hotel Unique. Depois seguem para Nova York, onde serão expostas por um mês e leiloadas. “A expectativa mais conservadora é arrecadar em torno dos US$ 700 mil”, diz o executivo.
Expansão digital
Orçado em R$ 4 milhões, o evento está estreando no universo digital, com o lançamento de NFTs da Jaguar Friends Jungle Society, uma coleção com 5 mil variações sobre o desenho da onça-pintada, com obras assinadas por Okuda San Miguel, Marcel Van Luit, Josh Cochran e Welder Wings, entre outros.
Outra coleção que será comercializada é a Jaguar Friends Fine Arts, composta por 40 obras exclusivas que já foram encomendadas a grandes artistas digitais de diferentes países – caso do costarriquenho Marco Battaglini, do italiano The Dizzy Viper e do argentino Diego Berro.
As obras digitais serão lançadas juntamente com a Parade em Nova York e serão leiloadas na Opensea, um dos maiores marketplaces de NFT do mundo, também com renda revertida para as instituições.
“Queremos usar o universo digital para ampliar nosso alcance e impacto”, explica Pasa. Com auxílio da CryptoArtery, braço da produtora de eventos voltado ao digital, ele também trabalha no desenvolvimento de uma versão do Central Park no metaverso The Sandbox, onde será possível passear entre as miniesculturas virtuais.
“Será como um game onde você vai jogando e aprendendo sobre as onças-pintadas. No futuro, as empresas poderão patrocinar também esse tipo de plataforma ou criar experiências customizadas para as marcas ligadas à causa”, adianta.