Enquanto nós descascamos frutas, uma startup de Boston, nos Estados Unidos, imita a natureza e encasca comida. Inspirada no design, função e composição das cascas, a Foodberry criou uma classe inédita de embalagens comestíveis. E, a partir dela, desenvolveu uma nova linha de snacks refrigerados e congelados.

A foodtech embrulhou sorvete, iogurte, manteiga de amendoim, geleia e homus com nutriente do pimentão, manga, laranja, mirtilo, cogumelos, frutas vermelhas, morango, café entre outros. O portfólio da Foodberry conta com duas dezenas de “invólucros” doces e salgados, de texturas variadas.

Em aparência, os lanches lembram os bolinhos japoneses mochi, com, no máximo, 35 calorias, por porção - menos da metade do valor energético da guloseima oriental.

A temporada primavera/verão 2023 tem sido de comemorações na Foodberry. Em parceria com a NadaMoo!, rede vegana de sorveterias, lançou a linha Frozen Snacks Bites. As “bolinhas” de sorvete e iogurte chegaram a 750 lojas de diversos supermercados naturais, como o Big Y, Giant Foods e New Seasons.

O produto foi um dos finalistas, na categoria “nova sobremesa”, do Nexty Awards, um dos prêmios mais importantes destinado às invenções com potencial para revolucionar o futuro da alimentação. Batizada inicialmente Incredible Foods, a startup já levantou cerca de US$ 15 milhões, em fundos de investimento.

A empresa nasceu com o engenheiro David Edwards, professor da Universidade Harvard. A ideia era criar um alternativa sustentável às embalagens plásticas, em especial, para o setor de alimentos refrigerados e congelados, sempre carente de inovações.

Baseada nos preceitos da engenharia reversa, a equipe de P&D da Foodberry encontrou na casca das plantas o melhor pacote já inventado. Na natureza, a casca é sistema biológico dos mais complexos. Composto por vários tecidos e diferentes tipos de células, protege contra herbívoros, patógenos e intempéries, mas é imprescindível também para o transporte de compostos resultantes da fotossíntese, peças-chave na nutrição das plantas.

Ao focar a empresa em snacks, Edwards visa um dos setores da indústria global da alimentação que mais avança: o de lanches saudáveis. Avaliado em US$ 90,62 bilhões, o mercado está previsto para evoluir até 2030, a uma taxa de crescimento anual composta de 6,7%, avaliam os analistas da consultoria Grand View Research. Apesar de mais valioso, com quase US$ 1,5 trilhão movimentado, em 2022, o segmento de snacks, em geral, cresce mais lentamente (2,8%, no período).

A expansão é liderada pelos millenials e pela geração Z. Globalmente, os jovens consomem, em média, cinco lanches por dia. De cada cem consumidores, 84 priorizam os lanches naturais, orgânicos, sem aditivos e 85 dão preferências às marcas, ambientalmente responsáveis. E, na liderança das características preferidas, está o frescor dos alimentos, mostra levantamento da Statista, divulgado no início do ano.

Até agora, porém, a água se manteve ausente do movimento, escrevem o fundador Edwards e Marty Kolewe, CEO da startup, no artigo “The future of food is a berry”, na revista especializada “Boston Hospitality Review”. “A julgar pelas tendências do mercado de lanches, o futuro dos alimentos ameaça permanecer tão seco quanto uma fatia de pão.”

A Foodberry quer ajudar a, digamos, umedecer o setor. Em uma dieta saudável, 20% da hidratação diária provém dos alimentos. “Com 70-90% de água, 5-10% de fibra e 5-20% de açúcares, a baga é a ilustração perfeita de um lanche naturalmente hidratante”, completam Edwards e Kolewe.