No início de 2022, a Speedbird Aero foi a primeira empresa a obter o aval da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar entregas com drones em caráter comercial no Brasil. Desde então, a startup fundada em Franca (SP), em 2018, não tem medido esforços para decolar também fora do País.
Sob essa orientação, o mais novo passo da companhia está sendo anunciado na quinta-feira, 25 de maio, e, desta vez, envolve um avanço na fronteira tecnológica. Trata-se de um acordo estratégico para embarcar tecnologias da americana Qualcomm em suas aeronaves.
Na prática, os equipamentos da Speedbird Aero passarão a ser equipados com a Flight RB5 5G, plataforma desenvolvida pela Qualcomm especificamente para drones e que inclui, entre outros recursos, conexão 5G, inteligência artificial e baixo consumo de energia.
“O acordo tem um caráter de viabilidade técnica e econômica que nos dá a oportunidade de avançar ainda mais no que diz respeito à tecnologia”, afirma ao NeoFeed Manoel Coelho, cofundador e CEO da Speedbird Aero.
Entre outras questões, ele destaca que, além de economizar energia e obter maior poder de processamento para o uso simultâneo de até sete câmeras acopladas aos drones, a plataforma vai permitir eliminar uma série de componentes usada atualmente nesses equipamentos.
Segundo Coelho, a associação não estará restrita ao embarque da plataforma da Qualcomm. O acordo também prevê o desenvolvimento a quatro mãos de outros recursos, além de um impulso para o estabelecimento de parcerias para testar o uso dos equipamentos em diferentes segmentos.
Nessa direção, a empresa fez uma demonstração com as suas aeronaves na quarta-feira, 24 de maio, na sede da Qualcomm, em San Diego (EUA), com a presença de parceiros da companhia americana e também de grandes consultorias.
“Estamos alinhando também a questão comercial e a Qualcomm já está apresentando a Speedbird para clientes no Brasil e no mundo”, afirma Coelho. “Já temos perspectivas de novos projetos com clientes tanto nas áreas rurais quanto urbanas.”
O anúncio com a Qualcomm reforça um pacote recente de parcerias costuradas pela startup. Há duas semanas, a Speedbird Aero fechou um acordo com a francesa Thales para desenvolver sistemas de gerenciamento de tráfego e de controle aéreo.
Esse processo envolverá o trabalho em conjunto dos times de engenharia da Thales no Brasil, nos Estados Unidos e na França, com foco em operações nas quais o piloto remoto não tem alcance visual da aeronave. E incluirá ainda projetos-piloto no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, entre outros locais.
Na mesma data, a Speedibird fechou um acordo com a UAV Latam, empresa de serviços de drones, para implantar projetos de entrega em nove países da América Latina. Entre eles, Chile, Colômbia, Argentina, Costa Rica, México e Peru.
Speedbird pelo mundo
O acordo dá o tom do modelo adotado pela startup fora do Brasil. Diferentemente do que acontece no País, onde fabrica e opera suas aeronaves, no exterior a companhia tem priorizado a venda de drones e de treinamentos para que os parceiros respondam pelo serviço. E há mais escalas nesse roteiro.
“Em Cingapura, estamos testando o modelo ship to shore, no qual a aeronave vai até o navio para coletar ou deixar a carga”, explica Coelho. “E estamos iniciando um projeto também no Reino Unido e nos Estados Unidos, além de outras iniciativas em Israel.”
No Reino Unido, a companhia mantém atualmente negociações com uma empresa local de logística para a venda de seis aeronaves e do sistema desenvolvido pela empresa. O acordo prevê o crescimento dessa carteira à medida que a regulamentação avance naquele mercado.
Em Israel, a Speedbird Aero é a única empresa estrangeira que integra o National Drone Delivery Network Program, projeto do governo local para a integração de drones ao espaço aéreo do país. Por lá, a startup já está testando a entrega de materiais biológicos entre hospitais.
Já nos Estados Unidos, a empresa participa de iniciativas como o Beyond, programa de drones da Federal Aviation Administration (FAA) e já realizou testes com uma outra empresa brasileira que também está alçando voo fora do País.
Trata-se da Eve, empresa dos chamados “carros voadores” ou “táxis aéreos” que é fruto de um spin-off da Embraer. No segundo semestre de 2022, a companhia pilotou uma simulação de mobilidade aérea urbana em Chicago, que contou com a participação de outras companhias.
Ao mesmo tempo, o Brasil segue ganhando espaço nesse roteiro. Por aqui, a Speedbird Aero tem operações com empresas como o iFood, em Aracaju (SE) e o grupo Hermes Pardini, em Belo Horizonte e Salvador, além de projetos com companhias como Claro, BRF, Natura, Ambev e Neodent.