A batalha do Google versus Apple, que já acontecia no smartphone, chega agora aos relógios inteligentes. Nesta sexta-feira, 1 de novembro, o Google pagou US$ 2,1 bilhões para comprar a Fitbit. A transação dá à gigante do Vale do Silício uma espécie de "atalho" na corrida dos wearables – como são chamados gadgets "vestíveis".

Avaliado em US$ 25 bilhões, o mercado de wearables tem a Apple na pole position. No primeiro trimestre de 2019, a empresa da maçã contava com 25,8% do segmento, de acordo com levantamento da Venture Beat. A Fitbit aparece na quinta posição, com 5,9%, atrás de Xiaomi, Huawei e Samsung, respectivamente. 

Sem tempo a perder, o Google deixou claro, por meio de um comunicado oficial, que a decisão de comprar a companhia fundada em 2007 por James Park e Eric Friedman é estratégica.

Com a posse da tecnologia e dos dados de 28 milhões de usuários ativos, o grupo Alphabet, do qual o Google faz parte, quer dar mais fôlego para a até então adormecida plataforma Wear OS, além de tirar do papel a unidade de negócios Made by Google, focada integralmente em wearables

Uma aposta dos especialistas americanos é que, com a nova aquisição, o Google invista em um serviço de inscrição relacionado a saúde. Vale lembrar que o Fitbit ganhou mercado justamente por monitorar passos, batimentos cardíacos e outras atividades para promover um estilo de vida fitness. 

A novidade, contudo, deve ter aumentado a pressão nos escritórios da Apple, que recentemente foi submetida a um check-up completo diante da desconfiança do desempenho do iPhone 11, a versão mais recente de seu popular smartphone.

A empresa liderada por Tim Cook prevê o crescimento de 4% de sua receita no último trimestre deste ano, mas o desempenho acima do esperado pelo mercado – que apostava em 3% – não está relacionado ao smartphone da marca. 

De acordo com seu último relatório, o mérito recai justamente sobre o aumento das vendas dos wearables, como o relógio inteligente Apple Watch, e o fone de ouvido AirPods.

O Apple Watch tem pouco mais de 25% do mercado de wearables

Os iPhones, que no ano passado respondiam por 62% da receita total da empresa, hoje ficam com 55% – e provam que a companhia consegue, gradualmente, amortizar a dependência dos celulares para sua saúde financeira. 

Diante dessa nova realidade, com um rival de respeito, do calibre do Google, a Apple, com seu US$ 1,15 trilhão de valor de mercado, vai precisar levar a sério a inovação neste setor, que parece não perdoar deslizes.

A própria Fitbit sentiu isso na pele. As ações da empresa atingiram o pico de US$ 47,49, em julho de 2015, pouco após sua abertura do capital, quando chegou a valer US$ 9,5 bilhões.

Mas a startup observou seu valor de mercado derreter com a ascensão do Apple Watch e suas funcionalidades, como recebimento de ligações e mensagens, disparo remoto da câmera do celular e controle das músicas reproduzidas. 

Em agosto deste ano, os papéis da Fitbit eram negociados por US$ 3. Com os rumores de que o Google compraria a empresa, os papéis dispararam. Hoje, estão cotados acima de US$ 7. Ainda assim, muito abaixo do valor do primeiro dia de negociação na Bolsa de Nova York (Nyse), quando fecharam cotadas a US$ 32,50, em junho de 2015.

No relatório do segundo trimestre deste ano, a Fitbit indicou um aumento de 5% de sua receita, chegando a US$ 313,6 milhões. As vendas também foram positivas, subindo 31% diante das 3,5 milhões de unidades comercializadas. Apesar disso, a empresa segue dando prejuízo - nos seis primeiros meses deste ano, perdeu US$ 73,8 milhões.

Embora, por enquanto, dispute apenas o segmento de relógios inteligentes, a Fitbit, sob o comando do Google, pode ampliar seu leque de atuação. Os wearables "para os ouvidos" – vulgo fones de ouvido – estão em plena fase de crescimento, aumentando 135,1% anualmente, versus os 31,6% de crescimento das pulseiras inteligentes. Os dados são, de novo, da Ventura Beat. 

O Google, avaliado em US$ 878 bilhões, fechou o dia com as ações em alta de 1,08%. A Apple também encerrou bem a sexta-feira, com alta de 2,84%. Resta saber, agora, quem vai vestir melhor essas novas tecnologias e suas infinitas possibilidades.

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