Na guerra comercial entre China e Estados Unidos, é vez do contra-ataque asiático. Depois de Washington pressionar diversos países para não usarem a tecnologia 5G e de proibir companhias americanas de negociarem com a chinesa Huawei, o governo do presidente Xi Jinping resolveu dar o troco. 

Segundo reportagem do jornal britânico Financial Times, a China ordenou que todas instituições públicas no país retirem de suas estruturas computadores e softwares estrangeiros. A medida deve começar já em 2020, com 30% das substituições. No ano seguinte, 50% das alterações devem ser colocadas em vigor e, em 2020, o processo deve ser finalizado, com as demais 20% das substituições. 

Ainda de acordo com a reportagem, a decisão acarreta na substituição de algo entre 20 milhões e 30 milhões de equipamentos, em uma decisão que afeta em cheio algumas das principais empresas de tecnologia americanas, como HP, Dell e Microsoft. Analistas da Jefferies calculam que as operações dessas organizações na China movimentam, juntas, cerca de US$ 150 bilhões. 

Enquanto os EUA perdem em volume financeiro, a China lida com desafios logísticos. Um remanejamento tecnológico desta magnitude não é algo simples, visto que muitas máquinas governamentais chinesas rodam no sistema operacional Windows, da Microsoft, cujas ações caíam 0,26% na tarde desta segunda-feira, 9 de dezembro. Além disso, outros componentes, como processadores e discos rígidos, também são feitos por companhias americanas.

A China argumenta que a medida, editada no começo do ano, mas tornada pública só agora, visa a aumentar a dependência da tecnologia local. Aos olhos de especialistas, porém, fica claro que a disputa entre as duas maiores potências mundiais chegou ao campo técnico e que agora está em jogo a liderança tecnológica mundial das próximas décadas. 

Em maio, o editor do jornal chinês Global Times, Hu Xijin, declarou que a Huawei se prepara há anos para esse conflito e que as regras propostas por Donald Trump não apenas não serão fatal à empresa, como também servem de motivação para que a companhia fomente sua própria indústria de microchip para concorrer com os americanos. 

Vale lembrar que a medida afeta, por enquanto, apenas departamentos governamentais e instituições públicas, e não proíbe que companhias privadas comprem equipamentos e softwares estrangeiros.

Aos olhos de especialistas fica claro que agora está em jogo a liderança tecnológica mundial das próximas décadas

As tentativas de negociações entre China e Estados Unidos entraram em seu 18º mês e o presidente Donald Trump garante que as conversas estão progredindo. Enquanto isso, o governo de Xi Jinping anunciou hoje que também pretende chegar a um acordo o quanto antes. 

Caso o diálogo entre os líderes não evolua para uma decisão concreta, entra em vigor, no final desta semana, mais uma leva de novas tarifas a produtos chineses imposta pelos Estados Unidos.

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