Quando recebi o livro “Princípios – seu Guia Diário”, de Ray Dalio, (Ed. Intrínseca) uma semana antes de ser lançado, engajei na hora.

Queria ver o que ele estava pensando no momento. Aproveitei uma viagem internacional e devorei o livro. Foi muito mais legal do que ficar vendo filme de avião um atrás do outro.

Acho Ray Dalio uma figura. Em todos os sentidos. Não concordo, claro, com tudo o que ele fala, mas admiro o que já fez. Todos temos alguma coisa a aprender com ele.

Dalio criou a Bridgewater Associates, uma potência no mundo financeiro mundial com US$ 150 bilhões sob gestão. E, há 5 anos, lançou o livro “Princípios”, quase uma Bíblia sobre como ele agia e os princípios que governavam suas decisões e seu jeito de liderar.

Foi um sucesso mundial, traduzido em mais de 30 línguas e milhões de cópias foram vendidas por conta de ser quem ele era, por seu sucesso e pela maneira diferente de traduzir um jeito de gestão. Transparência radical e meritocracia foram dois princípios das ideias de Dalio que me marcaram.

“Princípios” me fez refletir sobre quais eram meus guias e meu jeito de ver. Neste novo livro, Dalio procura estimular o leitor a fazer exatamente isso: descobrir seus princípios e executá-los fazendo as escolhas terem muito mais consistência e sentido.

Para isso, propõe uma série de exercícios sobre valores que ajudam a fazer um inventário de suas fortalezas e fraquezas. Dalio estimula a definir suas prioridades de vida, aquilo que mais importa.

Um dos destaques do livro é como ele encara a dor. Para ele, dor mais reflexão significa progresso. Então, dor é bom. Isso é um pensamento poderoso. Muitos, inclusive eu, tentam se afastar da dor, evitando ao máximo os momentos difíceis.

Tenho aprendido que quanto mais você se afasta da dor, mais ela volta para você. Jung (Carl Jung, psiquiatra, 1875-1961) ressalta que dor traz saúde. Quem faz musculação sabe aquele ditado “no pain, no gain".

O princípio de usar a dor como inspiração para reflexão captura bem essa atitude. Já anotei e vou incorporar no meu dia a dia.

Outros quatro princípios poderosos, que já praticava antes deste livro:
1 - Ganhe mais do que você gasta. Isso te traz segurança e liberdade;
2 - Pergunte mais do que responda. Assim, você aprende muito dos outros e com os outros;
3 - Seja um imperfeccionista. Quase sempre ir a fundo incessantemente não traz o retorno esperado;
4 - Lide bem com os erros. As pessoas bem-sucedidas aprendem com os erros. As outras se vitimizam ou culpam o mundo por eles.

Para terminar, Dalio propõe um exercício dos arcos da vida. Descreve uma série de experiências sobre as três fases que, na opinião dele, vivemos e ajudam o leitor a refletir sobre como passar por elas da melhor forma.

Para ele, a vida é quase matemática. Dalio estrutura tanto que deixa pouco espaço para o divino e o sublime. Nessa parte, não penso tanto como ele. Valorizo demais a estrutura e reconheço os benefícios dela. Só, por isso, o livro já vale a ingresso.

Mas acredito que a vida tem algum espaço para algo inesperado, inexplicável e incrível. E saber reconhecer isso te dá esperança e fé, além de ser um potencializador da felicidade, porque tira aquela sensação de que tudo gira sobre a gente.

Agora que o livro tem mérito, isso tem. Dalio não fala besteira. Seja por aquilo que realizou, seja por como quer ser percebido. Embarcar de alguma forma nos exercícios e reflexões propostos já é uma viagem ao autoconhecimento.

E se algum insight e compromisso vier dessa leitura, você vai dar um passo na autoliderança, que, para mim, é por onde todos devemos focar e perseguir. Então, obrigado, Dalio, pelo empurrão nessa direção.

Serviço:
Princípios - Seu Guia Diário
Ray Dalio
256 páginas
R$59,90
Intrínseca