Se muito investidor institucional demonstra cautela em relação à bolsa de valores, a Leblon Equities está cada vez mais "comprada" nas small caps, diante da expectativa de uma estilingada desse segmento quando a situação internacional começar a desanuviar.

A gestora carioca, especialista em ações brasileiras e com cerca de R$ 1,7 bilhão sob administração, tem ampliado seu posicionamento nesses papéis, que tem menor liquidez e valor de mercado em comparação às blue chips. Atualmente, cerca de 40% do portfólio é composto por essas empresas, patamar historicamente alto para a casa, que tem 15 anos de existência.

Em call com clientes na sexta-feira, 6 de outubro, Pedro Chermont, sócio-fundador e CIO da gestora, afirmou que há uma “assimetria muito significativa” para aproveitar em nomes como Mills, Priner e Oceanpact.

Ele disse que até teria uma exposição maior nos papéis, não fossem as regras internas. “Nós acreditamos que estamos num momento bastante descontado do ciclo econômico, diante do início de um longo processo de redução de juros, e isso deve ajudar as empresas ilíquidas, que estão muito descontadas em termos de valuation”, afirmou.

Nos últimos dois anos e meio, a exposição da Leblon Equities em small caps saiu de menos de 10% para cerca de 40%, num período pouco convidativo para investimentos em small caps, marcado por pandemia, guerra na Ucrânia e alta de inflação e juros pelo mundo.

A situação acabou pesando sobre o desempenho dos dois fundos de ações da gestora. Em 36 meses, o Leblon Ações FIC FIA registra queda de 19,3% e o Leblon Ações II Institucional FIC FIA recua 16,3%. Em 2023, porém, eles apresentam altas de 10,3% e 3,5%, respectivamente, aproveitando a melhora vista na bolsa no primeiro semestre.

“À medida que as crises começam a se acumular, existe uma resposta para cada classe de ativos, e quem sofre mais são empresas menores e menos líquidas”, disse Chermont. “Nossa filosofia é olhar fundamentos, comparar os preços oferecidos no mercado e se tiver alguma distorção, nós migramos para aqueles que possam oferecer um retorno maior.”

Enquanto foi aumentando sua exposição em small caps, a gestora ficou de fora de Petrobras, que por um bom tempo virou a “queridinha” do mercado e que dobrou de tamanho nos últimos três anos. Segundo o CIO da Leblon Equities, o fato de ser estatal e sujeita à ingerência política torna difícil mensurar os riscos da companhia.

“Tivemos dois presidentes que não tinham na agenda maximizar valor aos acionistas, a prioridade era garantir que não tivesse volatilidade no preço dos combustíveis”, afirmou Chermont. “A Petrobras serve a outros senhores, e não aos acionistas minoritários.”

Apesar do otimismo com as small caps (o índice desse grupo na B3 está 26% abaixo do período pré-pandemia em termos nominais), Chermont destaca que o momento em que os papéis vão deslanchar é incerto, diante das reações do mercado a qualquer dado a respeito da economia dos Estados Unidos e suas consequências sobre os juros internacionais.

Ainda assim, ele acredita que vale a pena estar posicionado em small caps, uma vez que a inflação no exterior, principalmente nos Estados Unidos, demonstra estar chegando perto do pico e os juros altos devem normalizar a economia e retirar as amarras dos mercados de ações.

“Existe uma energia potencial grande de recuperação de preço das ações caso tenha arrefecimento do cenário, com volta a normalidade fazendo os fundos terem um desempenho que compensaria as perdas de antes”, disse Chermont.