A Piticas e a BandUP, duas empresas que atuam com marcas licenciadas de personagens da cultura pop e de bandas de rock, estão se unindo em uma joint venture que cria um dos maiores players de produtos geek do Brasil.
Batizada de Cosmos, a nova holding terá uma participação igual entre as duas empresas (50% cada) e prevê um faturamento que deve superar os R$ 200 milhões em 2023.
“O nosso core é cultura pop, mas somos bastante complementares”, diz Bruno Brau, fundador da BandUP. Ao que Vinicius Rossetti, fundador da Piticas, acrescenta: “Temos pouca sobreposição de licenças.”
A Cosmos nasce com, pelo menos, 50 grandes marcas licenciadas. Dentre as quais, Warner Bros, Disney, Harry Potter, Marvel, Cartoon Network, Star Wars, Hanna Barbera, Looney Tunes, Netflix, Wandinha, DC Comics, One Piece, Naruto, Dragonball, Beatles, Iron Maiden, Metallica, ACDC, Aniplex e Spyfamily.
A complementariedade se explica também pelo canal em que as duas empresas atuam. A Piticas, cuja sede é em Guarulhos (SP), é forte no varejo. Atualmente, conta com 320 franqueados lojas (180 delas quiosques). Deste universo, 60 lojas são espaços chamados de Experience, que chegam a ter 170 metros quadrados.
A BandUP, por sua vez, tem foco no B2B, através de e-commerces e lojas oficiais de algumas marcas, como da DC Comics, do Beatles e da Turma da Mônica. A empresa, que foi fundada em Barra Bonita, no interior de São Paulo, tem também acordos com grandes varejistas, a exemplo de Carrefour e Sam’s Club.
Com a união, a ideia é manter as duas marcas. A nova companhia será presidida por Lucas Sacay, que já atuava na BandUP. Brau e Rossetti, além de estarem também no dia a dia da operação, vão se dedicar ao conselho de administração da nova empresa.
Uma das mudanças com a união é que a produção das roupas vai se concentrar em Santa Catarina, onde a BandUP desenvolveu uma cadeia produtiva com alguns fornecedores locais.
Outra estratégia é investir em produção sob demanda, para fazer entregas mais rápidas, com máquinas de impressão da Kornit, empresa israelense da qual a Amazon tem uma participação. Uma dessas máquinas ficará em Barra Bonita. A outra estará em Guarulhos.
A fusão das geeks
A fusão aconteceu depois um longo “namoro” entre as duas partes. Brau e Rossetti já se conheciam do mercado. “Eu o procurei para saber como estava”, conta Rossetti. “Eu já ‘namorava’ ele e sempre admirei a Piticas”, afirma Brau.
O “namoro” engrenou mesmo quando a Piticas contratou a IGC Partners. A ideia era buscar um investidor ou mesmo encontrar um comprador estratégico. Mas, neste momento, a fusão com a BandUP acabou sendo um movimento que permite criar um player maior no setor.
“Esse é um mercado enorme e que conta com um público que consome cultura e entretenimento como nenhum outro”, diz Felipe Toja, sócio da IGC Partners. “Essa fusão não exclui fazer outros movimentos para criar um plano mais ambicioso e que tenha mais robustez.”
O mercado geek movimentou R$ 22 bilhões no Brasil, em 2022, segundo estimativas da Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral). Há mais de 600 licenças disponíveis no Brasil, das quais 80% são estrangeiras. Os segmentos de confecção, papelaria, brinquedo e personal care, nesta ordem, são os que mais utilizam o licenciamento.
Um dos principais concorrentes é a FanLAB, marca de lojas da Riachuelo para geeks e nerds que tem acordos de licenciamento com Disney, Netflix, Universal e Warner. Lançado no ano passado, a rede deve se expandir neste ano. Conta com apenas quatro lojas (três em São Paulo e uma em Guarulhos), mas tem planos para ir para outras localidades nos próximos anos.
Brau é um apaixonado por cultura pop e ciência. Foi pianista e trompetista, mas gosta também de montar foguetes e robôs. Atualmente, faz pós-graduação em astronomia. “Eu estaria mais para nerd do que geek”, brinca ele. Rossetti, por sua vez, gosta mais de filmes e séries.
De tanto falar do espaço, Brau sempre diz que tudo o que acontece é por causa do cosmos. “Cosmos é o nome de um time de futebol (onde Pelé jogou nos EUA), de uma série do Carl Sagan e uma fusão não deixa de ser um dos princípios do cosmos”, afirma. A união da Piticas e BandUP, em sua visão, é algo que estava escrito, não nas estrelas, mas no cosmos.