A figura de um peixe dourado dentro de um aquário, olhando para um ponto de interrogação. Na mesma direção, fora do recipiente, as letras A, B e C. Nesta quarta-feira, foi essa a imagem escolhida por Masayoshi Son, fundador e CEO do Softbank, em uma de suas raras aparições públicas no último ano.

O palco escolhido para que ele “saísse da toca” foi o Softbank World, evento anual do grupo, em Tóquio. E a julgar pelo tema dominante em sua apresentação de pouco mais de uma hora, é fácil intuir em qual onda o gigante japonês quer fisgar boas oportunidades nos próximos anos: a inteligência artificial.

“Você quer ser um peixinho dourado?”, questionou Son, no início de sua participação. “Aqueles que ficarem longe da inteligência artificial e aqueles que a utilizarem irão se tornar tão diferentes quanto um macaco e um ser humano em suas capacidades intelectuais.”

O magnata japonês trouxe mais alguns pontos para ressaltar seu entusiasmo em relação a esse conceito. Para ele, dentro de uma década, a inteligência artificial será tão poderosa que irá superar todo o conhecimento humano.

A partir desse prazo e da disseminação desses recursos, Son disse acreditar que, nas décadas seguintes, o mundo terá feito toda a transição para os veículos autônomos, além de alcançar avanços dignos de um Prêmio Nobel em áreas como ciência e engenharia.

Ele também aproveitou para alertar a plateia para que o Japão não largue atrás nessa corrida, assim como aconteceu nos primeiros anos de evolução da internet. E reforçou que, dessa vez, o país não pode se dar ao luxo de perder mais três décadas.

Para ressaltar essa mensagem, e também sua preocupação com o contexto atual no mercado local, o bilionário japonês observou que mais de 70% das empresas locais proíbem ou estão avaliando barrar o uso da IA generativa.

“Afirmar: não use inteligência artificial é como dizer: não dirija um carro ou use eletricidade”, ilustrou. “Quer você goste ou não, a revolução da inteligência artificial virá.”

À parte dessa defesa e exaltação, a reaparição de Son acontece depois de um período bastante conturbado para o Softbank. Nos últimos tempos, o grupo perdeu seu posto de “tubarão” dos investimentos em tecnologia, realizados por meio do seu Vision Fund.

Com a virada do mercado e o impacto em empresas de alto crescimento, o perfil de boa parte dos ativos do portfólio do Softbank, o fundo registrou cinco prejuízos trimestrais consecutivos e reduziu bastante seu apetite por novas rodadas.

Agora, o horizonte traz, a princípio, alguns sinais mais favoráveis. Um deles veio em setembro, com o IPO, enfim concluído, da Arm. No processo, a fabricante britânica de chips captou US$ 4,8 bilhões, até aqui, a maior oferta pública inicial de 2023.

Antes, em agosto, o Softbank havia divulgado os dados do seu último trimestre fiscal. Entre outros indicadores, o grupo registrou uma perda de US$ 3,3 bilhões na última linha do balanço. O Vision Fund, porém, interrompeu sua trajetória no vermelho ao registrar um lucro de US$ 1,1 bilhão.