País mais afetado pela pandemia, os Estados Unidos agora estão a caminho de uma rápida recuperação econômica. Uma projeção feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o PIB dos EUA pode crescer 6,5% em 2021, mais do que o dobro de 3,2%, originalmente previstos em dezembro.
O resultado acima do esperado é uma combinação da aprovação de um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão, proposto pela administração do presidente Joe Biden e aprovado no último fim de semana, e de uma campanha de vacinação eficiente.
O pacote inclui uma série de medidas para reduzir o impacto econômico da pandemia e ajudar os Estados a testar a população e manter escolas abertas. Trabalhadores desempregados receberão cheques semanais de US$ 300 até setembro. E indivíduos que ganham até US$ 75 mil anuais também receberão uma ajuda de US$ 1.400, na forma de pagamento único.
O pacote também dará US$ 350 bilhões aos Estados. Os recursos serão usados principalmente no combate à pandemia, mas uma parte será destinada a escolas, universidades e profissionais que trabalham com crianças. Outras empresas, incluindo restaurantes e casas de show, também receberão ajuda para seguirem operando.
O que o relatório da OCDE aponta é que os investimentos feitos pelo governo para ajudar as empresas não terão muito impacto se não forem acompanhados pela vacinação da população. E nesse campo os Estados Unidos têm adotado um ritmo acelerado.
Ao assumir a presidência, Joe Biden se comprometeu a vacinar 100 milhões de americanos em seus primeiros 100 dias no cargo. A meta original era vacinar 1,5 milhão de pessoas por dia. Mas o programa ganhou velocidade e hoje imuniza cerca de 2,17 milhões de pessoas por dia.
Até agora, 61,1 milhões de americanos, mais de 25% da população adulta, receberam ao menos uma dose das três vacinas disponíveis, sendo que 32,1 milhões já foram imunizados com a segunda dose. A fabricada pela Johnson & Johnson exige uma única dose, enquanto as vacinas da Moderna e Pfizer-BioNTech precisam de duas doses para garantir a proteção.
No início de março, o presidente americano também afirmou que terá doses suficientes para todos os 260 milhões de americanos adultos até o fim de maio. Para conseguir cumprir a promessa, Biden costurou um acordo para que a Merck (conhecida como MSD fora dos Estados Unidos) produza a vacina da Johnson & Johnson. As duas empresas são rivais no setor farmacêutico.
Para efeito de comparação, o Brasil aplicou 11 milhões de doses das duas vacinas disponíveis. Quase 8,5 milhões, ou 4% da população do país, receberam ao menos uma dose, enquanto 2,8 milhões já foram imunizados com a segunda dose.
O Brasil não é o único exemplo de lentidão na campanha de vacinação. Na Europa, a recuperação também vem esbarrando na demora em distribuir os imunizantes, apesar dos estímulos do governo. A expectativa de crescimento da zona do euro é de 3,9% em 2020.
O Reino Unido é um caso à parte na região. Mais de 22 milhões de britânicos receberam ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19, quase 30% da população do país. Com isso, a economia deve crescer 5,1%, acima dos 4,2,% previstos em dezembro.
O relatório deixa claro que a recuperação econômica do planeta se aproxima. A projeção de crescimento da economia global é de 5,6%, também acima da previsão de dezembro.
Esses dados são puxados pelos Estados Unidos, mas também por outros países. O PIB da China, que se tornou um exemplo na contenção do vírus, crescerá 7,8%. O PIB da Índia deve crescer 12,6%.
O Brasil, embora não faça parte da OCDE, também é citado no documento. De acordo com a projeção, o PIB brasileiro deve crescer 3,7% em 2021, 1,1% acima do previsto em dezembro do ano passado.
Embora acima da expectativa, o índice fica atrás da vizinha Argentina, cujo crescimento previsto é de 4,6% neste ano, e de outras economias emergentes, como México (4,5%), Turquia (5,9%) e Indonésia (4,9%).
O que a OCDE afirma no relatório é que um esforço dos governos para acelerar a vacinação é determinante para a recuperação. E os Estados Unidos são citados como exemplo justamente por conta da velocidade com que conseguiram reverter uma situação catastrófica.
Afinal, o país lidera o ranking global em número de casos e de mortes provocadas pela Covid-19. Quase 30 milhões de americanos foram contaminados pelo novo coronavírus e mais de 538 mil perderam a vida.
A economia também sofreu um impacto enorme. A taxa de desemprego atingiu 14,8% em abril de 2020, no auge da pandemia, o pior índice desde o final da Segunda Guerra. Atualmente, esse índice está em 6,2%, longe do patamar pré-pandemia, quando registrava apenas 3,5% de desempregados.