Fundada em 2015, como um laboratório de pesquisa, a OpenAI se tornou um dos principais nomes no burburinho crescente em torno dos algoritmos e modelos da inteligência artificial. E, agora, a empresa quer se aproveitar desse papel de protagonista para incluir um novo tema nessas conversas.

Segundo uma reportagem do Financial Times, a companhia tem planos de introduzir publicidade no ChatGPT, seu carro-chefe, e nos demais produtos de inteligência artificial do seu portfólio.

Diretora financeira da OpenAI, Sarah Friar disse em entrevista ao jornal britânico que a startup está avaliando introduzir um modelo de anúncios em suas plataformas. Ela ressaltou, porém, que a empresa está sendo “cuidadosa sobre quando e onde implementá-los”.

De acordo com pessoas familiarizadas com esses planos, a OpenAI vem contratando diversos profissionais de publicidade de big techs como Meta e Google. E um desses reforços dá uma boa medida dessa movimentação.

Desde junho deste ano, Kevin Weil ocupa o posto de chief product officer (CPO) da companhia e sua experiência na área foi destacada pela CFO. Com passagem por empresas como Twitter, Facebook e Instagram, ele foi responsável por desenvolver plataformas e produtos apoiados por anúncios.

“A boa notícia com Kevin Weil no volante em produto é que ele veio do Instagram. Ele sabe como isso [introduzir anúncios] funciona”, ressaltou Friar. Em maio, em outro reforço dessa área, a OpenAI contratou Shivakumar Venkataraman, que liderava o time de publicidade de buscas do Google.

Há tempos, a publicidade tem sido uma alternativa bastante lucrativa justamente para empresas como o Google e a Meta, dona do Facebook e do Instagram. No caso da OpenAI, porém, a forma como esses anúncios podem ser dispostos na plataforma é algo que ainda divide opiniões internamente.

Na avaliação de Friar, os modelos atrelados a anúncios trazendo desvantagens. Entre elas, o fato de serem bastante sensíveis a oscilações do cenário macroeconômico e também mudarem o foco da empresa – de agradar os usuários para agradar os anunciantes.

“Eu não excluo (os anúncios). Mas, por enquanto, há muitas frutas fáceis de colher na maneira como estamos fazendo as coisas”, afirmou ela, que, na sequência da entrevista, enviou um novo posicionamento sobre esses planos.

“Nosso negócio atual está passando por um rápido crescimento e vemos oportunidades significativas dentro do nosso modelo de negócio. Embora estejamos abertos a explorar outras fontes de receita no futuro, não temos planos ativos de buscar publicidade”, afirmou Friar, na nota.

À parte desse discurso, o investimento em um modelo que comporte publicidade dialoga diretamente com o momento da OpenAI, que está tentando cavar novas fontes de receita como parte de um processo de reestruturação para deixar de ser uma empresa sem fins lucrativos.

Esse contexto, por sua vez, se conecta com a rodada de US$ 6,6 bilhões captada pela empresa no início de outubro. Liderada pela Thrive Capital e com a participação de nomes como Softbank, Tiger Global, Nvidia e Microsoft, o aporte avaliou a startup em US$ 157 bilhões.

O salto no valuation veio acompanhado, porém, de algumas obrigações para a companhia liderada por Sam Altman. Os investidores da rodada terão o direito, por exemplo, de retirar os recursos injetados caso a OpenAI não avance com o plano de ser lucrativa.

Ao mesmo tempo, a demanda pela abertura de novas fontes de receita pela companhia também está relacionada aos custos elevados de desenvolvimento e treinamento dos modelos de inteligência artificial.

Como parte desse dilema, o jornal ressaltou que a OpenAI alcançou uma receita, em base anualizada, de aproximadamente US$ 4 bilhões. Em contrapartida, os custos associados ao seu modelo indicam que a empresa está a caminho de queimar mais de US$ 5 bilhões de caixa.