A primeira missão de Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira é conquistar o hexacampeonato na Copa do Mundo 2026. A segunda é ajudar na venda de 1 milhão de camisas oficiais da Nike no período do torneio mundial, que será em junho do ano que vem, no Canadá, nos Estados Unidos e no México.

Essa é a perspectiva do Grupo SBF, dono da Centauro e da operação da Nike no Brasil. Para isso, a empresa aposta na expansão territorial e na proximidade com o torneio mundial de futebol para alcançar um crescimento de dois dígitos no ano que vem. Nos planos, estão a abertura de 10 lojas da Nike e quatro da Centauro neste ano.

Analistas do BTG se reuniram com o novo CEO da companhia, Gustavo Furtado, que assumiu em abril, no lugar de Pedro Zemel (hoje à frente da Zamp), e com o CFO José Luís Salazar, que detalharam o plano de expansão para o biênio 2025-2026.

No entanto, eles apontam os desafios da travessia antes do processo de retomada. “À medida em que a companhia transita para um novo ciclo de crescimento, o curto prazo (segundo e terceiro trimestres) deve continuar marcado pelas dinâmicas desafiadoras observadas desde o final de 2023, além da fase inicial de um novo ciclo de investimentos”, escreveram os analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima.

No início de 2025, a empresa enfrentou um ciclo de contrastes. Enquanto as vendas da Nike, por meio da Fisia, caíram 5,9% durante o primeiro trimestre deste ano, a receita líquida consolidada da companhia cresceu 4% (R$ 1,55 bilhão), motivada pela alta de 11,2% no faturamento da Centauro.

No pilar estratégico de crescimento estão, além da abertura de novas unidades, a reforma de 10 lojas em 2025, 40 em 2026 e 50 em 2027, prevendo um crescimento de cinco pontos percentuais na receita por loja reformada. O Grupo SBF fechou o primeiro trimestre com 227 lojas da Centauro, 37 da Nike Value Store e 9 da Nike Direct Inline (voltada ao público feminino e lifestyle).

Para isso, a empresa planeja um capex adicional de R$ 50 milhões neste ano, relacionados a melhorias, como modernização de fachadas e aprimoramento de infraestrutura. Somando manutenção, reformas e as novas aberturas, o volume de investimentos do Grupo SBF para 2025 deve alcançar R$ 400 milhões.

“As 10 lojas previstas para reforma em 2025 devem ter as obras concluídas até outubro (antes do pico das vendas da Black Friday e Natal), enquanto as 40 lojas planejadas para 2026 devem ser finalizadas antes da Copa do Mundo”, diz o relatório do BTG.

Ao mesmo tempo, a empresa começou a reforçar seu quadro de funcionários no segundo trimestre, com média de 2 a 3 contratações por loja, para melhorar a execução nas unidades físicas e impulsionar as vendas da companhia.

“A administração vê essas contratações como investimentos variáveis, atrelados ao desempenho de vendas, e os primeiros indicadores sugerem que os resultados iniciais estão em linha com as expectativas positivas”, informam os analistas.

Traz o hexa, Brasil

No caso das vendas de camisas da Seleção Brasileira (patrocinada pela Nike), a expectativa é de que o volume de 1 milhão, vendidas a R$ 450 por unidade, gerem receita de R$ 450 milhões em 2026, o que representa 4,8% da receita consolidada da companhia, considerando os números deste ano.

“Com os jogos concentrados no meio do ano (com exceção da edição de 2022), essa demanda costuma ser incremental, sem canibalização material dos volumes de fim de ano”, afirma o BTG.

Além disso, segundo os analistas, o Grupo SBF acredita que recentes acordos realizados com as equipes do Vasco e Atlético-MG, que a partir do ano que vem terão a Nike como fornecedora dos materiais esportivos, gerem, por ano, o equivalente a cerca de um terço das vendas em ano de Copa do Mundo.

Neste sentido, para os analistas do banco, ainda que a perspectiva de vendas permaneça moderada a curto prazo, a estimativa é de melhora gradual no desempenho da receita, o que deve ajudar na rentabilidade, principalmente em 2026.

“Estruturalmente, seguimos vendo espaço para ganhos de participação de mercado, dado o posicionamento de liderança da companhia em um mercado fragmentado, especialmente por meio da operação da Nike, reforçando nossa visão construtiva de longo prazo”, diz o relatório.

No acumulado do ano, as ações da companhia registram valorização de 20,7%. Com papel negociado a R$ 12,84 (alta de 1,5%) às 12h30, o preço-alvo de 12 meses estabelecido pelo BTG é de R$ 16. A recomendação é de compra. O Grupo SBF está avaliado em R$ 3,15 bilhões.