A Seneca Evercore é uma assessoria financeira com um longo histórico de transações de M&A, ora atuando ao lado do vendedor, ora do comprador. No ano passado, eles fizeram pouco mais de R$ 13,4 bilhões e ficaram em primeiro lugar entre os independentes. Agora, a butique começa a escrever uma nova história com uma recém-montada área e renda fixa.
Se a casa já fazia o assessoramento para clientes que precisam de algum tipo de solução de dívida, o novo passo é também fazer a emissão de títulos de renda fixa, estruturando produtos como certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRIs e CRAs).
“O M&A é muito mais do que vender empresas”, diz Daniel Wainstein, sócio-fundador da Seneca Evercore, ao NeoFeed. “Os nossos clientes podem precisar de capital para vários motivos. Em muitos casos, assessoramos ele a trazer o melhor instrumento de dívida para a situação dele.”
Neste primeiro momento, os setores de real estate e agronegócio são o centro das atenções para essas operações na Seneca. O tamanho médio das transações será entre R$ 70 milhões e R$ 200 milhões. Nesse primeiro ano, a projeção é fechar com uma carteira de R$ 750 milhões pulverizada nesse tíquete médio de transações.
Mas isso não significa que a empresa não vai fazer uma operação de R$ 500 milhões, por exemplo, que faça sentido. “Não vamos ser uma fábrica de salsicha. Só vamos fazer o que fizer sentido para o cliente”, afirma Wainstein.
Para liderar essa área de renda fixa, a Seneca escolheu três profissionais “a dedo”. Os dois que se juntaram à empresa são Nelson Campos, um dos pioneiros do mercado brasileiro em títulos de securitização que, na época do banco Ourinvest, colocou a plataforma como uma das líderes do segmento. E Luis Miraglia, conhecido no mercado financeiro como Bill, que foi chefe da área de renda fixa do Morgan Stanley para toda a América Latina.
Ao lado deles nessa vertical está Joaquim Oliveira, que se juntou à Seneca em março do ano passado. O ex-CEO do escritório Cescon, Barrieu e Flesch é um dos advogados com maior conhecimento em instrumentos de renda fixa, que sempre apresenta estruturas pioneiras de mercado.
A primeira operação da Seneca Evercore vai ser um CRA, que deve ser concluído em março. Para reduzir a alavancagem desse cliente, a operação de, aproximadamente, R$ 70 milhões vai ajudar na substituição da dívida.
O interessante é como a Seneca está estruturando essa operação: Oliveira encontrou uma solução inédita para formalizar um colateral (garantia) de direito de exploração. “Criamos um núcleo de inteligência de renda fixa que cliente vai ter um nível de senioridade sem entrar na linha de produção”, diz Wainstein.
Esse foi o diferencial que a Seneca enxergou no mercado. O cliente precisa de um agente independente para olhar o negócio, estudar a estrutura de capital e ver o que deve ser dívida ou equity. E se for via dívida, quais instrumentos podem ser usados.
“A nossa qualidade de originação é diferenciada e nós mesmos vamos explicar para os gestores de family offices, por exemplo, como construímos as emissões”, diz Campos, sócio responsável pela área de securitização na Seneca Evercore.
Por esse motivo, os sócios da butique de assessoria financeira descartaram a possibilidade de um merger com uma gestora ou uma assessoria de investimentos. Se tomassem esse caminho, eles perderiam o aconselhamento sem conflito de interesses.
Como uma das butiques que movimentaram o fraco ano de 2023 nos M&As, com transações como a venda da Sinqia para a Evertec e a venda da Luizaseg, da Magalu, para a Cardif, por exemplo, a Seneca enxerga o copo meio cheio para este ano.
“O primeiro semestre de 2024 tem tudo para ser recorde. Tem todos aqueles deals represados. E o segundo semestre, se nada mudar, vai ser muito com inclusive para o mercado de capitais”, afirma o sócio-fundador da Seneca Evercore.