A Americanas avançou em sua recuperação judicial. Nesta segunda-feira, 27 de novembro, a varejista informou ao mercado que firmou um acordo junto a credores para dar início a um plano que prevê a capitalização de R$ 24 bilhões que será feito com um aporte dos acionistas de referência e com a conversão de dívida.
De acordo com fato relevante, o Plan Support Agreement (PSA) prevê que R$ 12 bilhões serão aportados por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que são os acionistas de referência da empresa. O restante será obtido mediante capitalização de créditos detidos contra a companhia pelos credores.
Neste segundo caso, a Americanas informa que para cada três ações emitidas, será conferido bônus de subscrição como vantagem adicional, cujo preço de exercício será de R$ 0,01.
Segundo a Americanas, o acordo foi firmado junto a credores que detém mais de 35% da dívida da empresa e excluindo os créditos intercompany. Entre eles, estão Bradesco, Santander, BTG Pactual e Itaú Unibanco.
A varejista também informou que outros “outros credores que têm participado das negociações recentes já indicaram interesse, de forma não-vinculante, em apoiar o pedido de recuperação judicial” e estão “conduzindo processos internos de aprovação para aderirem e se vincularem ao PSA”.
Entre os bancos privados que são os principais credores, o único que ficou de fora do acordo foi o Banco Safra. Em nota enviada ao NeoFeed após a publicação desta reportagem, o banco informou que "o acordo proposto prevê interrupção das investigações e portanto desconsidera o justo interesse da sociedade e de todos impactados de saber o que ocorreu de verdade" e que "a injeção de recursos não pode desconsiderar o fato de que houve a maior fraude contábil do Brasil e uma das maiores do mundo".
A expectativa é de que o PSA tenha adesão de mais de 50% dos credores até a realização da Assembleia Geral de Credores, marcada para o dia 19 de dezembro.
Com a capitalização, a Americanas prevê que sua dívida bruta poderá cair para R$ 1,87 bilhão. No total, a Americanas tem R$ 42,5 bilhões em dívidas para serem reestruturadas.
Em seu plano, a Americanas prioriza o pagamento de credores que aceitem receber até R$ 12 mil à vista e em cota única e que tem alternativas especiais para os credores fornecedores da classe 3.
A companhia informa ainda que serão reservados R$ 8,7 bilhões para pagamento de credores financeiros, através de leilão reverso (R$ 2 bilhões) ou pagamento antecipado de créditos com desconto (R$ 6,7 bilhões).
Em nota, Leonardo Coelho, CEO da Americanas, disse que o acordo “é um marco importante do processo de recuperação judicial e um significativo progresso da Americanas no caminho para a meta de emergir como uma empresa mais forte, mais competitiva, preservando a importante atividade econômica que representa e os milhares de empregos diretos e indiretos gerados em todo o país”.
A Americanas já havia dado sinais de que estava próxima de firmar um acordo junto aos credores. Em teleconferência realizada há duas semanas, a empresa havia dito que as negociações evoluíram significativamente a partir da proposta de capitalização de R$ 12 bilhões com um aporte dos acionistas de referência.
No mesmo dia, a Americanas informou que o prejuízo líquido da operação foi de R$ 12,9 bilhões em 2022. A dívida líquida, por sua vez, estava em R$ 26,9 bilhões. Além da revisão das informações do ano passado, a varejista reportou Ebitda negativo de R$ 3,4 bilhões e prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões no exercício de 2021.
Avaliada em R$ 992 milhões, a companhia já perdeu mais de 99% de seu valor de mercado.
*A reportagem foi atualizada com o posicionamento do Banco Safra