Em um roteiro digno de um filme de Hollywood, a Moviepass quer mostrar que ainda pode dar sequência à sua história. A companhia que oferecia um serviço de assinatura para ingressos de cinema declarou falência em 2020, mas, no ano seguinte, teve sua operação recomprada por um de seus fundadores. Agora, um anúncio no site da companhia informa que a empresa irá voltar ao mercado a partir de setembro.

Ainda há poucos detalhes sobre o retorno. A empresa diz apenas que o serviço vai operar por meio de créditos que serão cedidos aos usuários através do pagamento de uma assinatura mensal. Esses créditos seriam utilizados para a troca de ingressos em sessões de cinema. Serão ofertadas três opções de assinaturas, cada uma delas com uma determinada quantidade de créditos. Os preços ficarão entre US$ 10 e US$ 30.

A previsão da "reestreia" é o dia 5 de setembro, inicialmente, apenas em uma versão de testes. Para obter acesso, é preciso entrar em uma lista de espera. A companhia diz que as vagas são limitadas. Por outro lado, cada usuário terá direito a convidar mais 10 pessoas para se cadastrar no serviço – não há indicação se esses convidados também poderão trazer novos usuários.

A volta acontece graças ao executivo Stacy Spikes, que fundou a empresa em 2011, ao lado de Hamet Watt. Spikes recomprou o negócio em novembro do ano passado.

Em menos de dez anos de operação, a Moviepass passou de um serviço promissor e que poderia revolucionar a indústria cinematográfica para uma empresa falida. O negócio chegou a causar impacto na segunda metade da década passada. Em 2018, a companhia até anunciou uma expansão para o Brasil. A ideia era começar a operar no País a partir de 2019, o que não aconteceu.

Enquanto ainda estava operando, a Moviepass chegou a levantar mais de US$ 68 milhões em aportes. Entre os investidores, estavam fundos como True Ventures, Lambert Media Group e Structure Capital. De 2016 e 2020, a companhia chegou a ser comandada por Mitch Lowe, um dos cofundadores da Netflix.

Tal como um roteiro hollywoodiano, o recomeço da Moviepass também não será fácil. A companhia vai reencontrar um mercado ainda mais restrito. Conforme reportado pela CNN, a bilheteria das redes de cinema nos Estados Unidos caiu 31% neste ano em relação ao mesmo período de 2019 - último ano antes do setor ser severamente afetado pela pandemia.

Há vários fatores por trás desse cenário. Um deles é a inflação americana, a mais alta já registrada em mais de quatro décadas e que faz com que os consumidores estejam menos dispostos a gastar dinheiro com entretenimento. Outro ponto é que o cinema não é mais a única opção para o lançamento de filmes blockbuster. Hoje, algumas produções são lançadas primeiro em serviços de streaming, como a Netflix.

Por fim e para piorar, há ainda a concorrência. O serviço da Moviepass não é mais inovador ou exclusivo. Redes de cinema como AMC, Regal e Alamo Drafthouse já contam com seus próprios modelos de assinatura e é improvável que a Moviepass firme parcerias com essas empresas.