Nem tudo vale a pena ver de novo. Aquela velha história de adotar preços baixos para atrair usuários quase nunca acaba em final feliz. Quem está sentindo na pele (ou talvez no bolso) o drama da vez é o MoviePass, plataforma fundada em 2011 por Hamet Watt e Stacy Spikes, conhecida como a Netflix dos cinemas.

A MoviePass prometia aos usuários assistir um número ilimitado de filmes no cinema por um valor fixo ao mês. Embora Spikes sempre tenha defendido uma estratégia que estudasse diferentes mensalidades para tornar o negócio viável, o cineasta foi convidado a se retirar da empresa que fundou no ano passado.

A Helios & Matheson Analytics, sócia majoritária da plataforma desde agosto de 2017, optou por derrubar as cifras para atrair clientela. Cobrando US$ 10 ao mês, conquistou, em 48 horas, 100 mil novos usuários pagantes.

O problema é que a companhia manteve os preços e não o ajustou à realidade do negócio. De maneira geral, o MoviePass repassava aos cinemas o valor integral do ingresso, cujo preço mínimo em grandes centros urbanos gira em torno de US$ 15, numa conta que simplesmente não fechava.

No último verão, a Helios & Matheson contava com um déficit mensal de US$ 45 milhões. O cenário se agravou ainda mais quando, em fevereiro, a Helios foi retirada da Nasdaq por não conseguir cumprir as regras da bolsa, de negociar suas ações acima de US$ 1.

No auge, os papéis da Helios & Matheson chegaram a valer US$ 5.100. Atualmente, estavam cotados a US$ 0,0018

No auge, os papéis da Helios & Matheson chegaram a valer US$ 5.100. Atualmente, estavam cotados a US$ 0,0018. Com mais de 1 milhão de assinantes, a alternativa foi fechar as portas depois que ficou claro que não entrariam novos recursos.

Segundo o Crunchbase, o MoviePass levantou US$ 68,7 milhões de 21 investidores, dentre os quais estão AOL Ventures, Demarest Media e True Venture.

Modelo vivo

Embora o modelo de negócio do MoviePass tenha se provado inviável nos moldes aplicados pela Helios & Matheson, a ideia em si tem muito potencial. E quem não perdeu tempo em explorar isso foi a rede de cinemas AMC Theater, que lançou uma espécie de programa-fidelidade por US$ 20 ao mês, permitindo que os assinantes assistam até três filmes por semana. A iniciativa já conta com aproximadamente 500 mil usuários pagantes.

A Cinemark não ficou atrás e lançou o Movie Club, que conta com 860 mil assinantes. Neste caso, o valor flutua de acordo com o preço dos ingressos dos cinemas locais. Em Los Angeles, por exemplo, por US$ 9,99 ao mês, os membros têm direito a 20% de desconto na pipoca, refrigerante e demais snacks, além de um ingresso adicional por mês e isenção de taxa de conveniência nas compras online da rede.

Outra grande rede que ensaia sua estreia neste mercado é a Regal Cinemas e a Alamo Drafthouse, que prometem lançar, cada uma, um modelo de assinatura diferente, feito para acomodar a necessidade de seus clientes e negócios.

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