O J.P. Morgan está preocupado com o peso das empresas de tecnologia no mercado acionário. Em relatório, o banco americano encontrou semelhanças entre o atual cenário das megacaps e uma crise passada que assolou a bolsa de valores, principalmente as empresas de tecnologia.

A bolha pontocom, que estourou no fim da década de 1990 com o aumento artificial do valor de empresas de tecnologia. Quando essa bolha estourou, centenas de companhias quebraram ou perderam grande parte do valuation. Entre as gigantes que sofreram estavam Cisco, Intel e Oracle.

De acordo com o J.P. Morgan, a dominância do chamado “Magnificent Seven” (grupo que contempla Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) nos principais índices das bolsas de valores dos Estados Unidos cria uma preocupação sobre a dependência dos resultados dessas gigantes.

Isso é refletido no S&P 500, índice que contempla de forma ponderada as ações das 500 maiores empresas listadas nos Estados Unidos. Pelo indicador, as ações subiram 3% desde o começo do ano. Sem as ponderações de peso de cada companhia, a alta fica em apenas 0,4% para o mesmo período.

Uma análise da equipe quantitativa do J.P. Morgan apontou que, além do grupo das magníficas sete, a Broadcom e o J.P. Morgan são responsáveis pela maior parte dos ganhos do índice.

Não se trata apenas do S&P 500. As dez principais ações (e nesta conta estão inclusos os papéis de classe A e classe C da Alphabet) representaram 29,3% do índice MSCI USA. Para efeito de comparação, o top 10 do mesmo índice em 2000 representava 33,2% do total antes do estouro da bolha.

O peso de Apple e Microsoft, empresas com valor de mercado próximo a US$ 3 trilhões, também pesam contra uma maior diversificação. Elas representam 40% do total das 10 principais ações nos índices que incluem o grupo.

“Frequentemente, os paralelos entre as crises são ignorados pela exuberância irracional que caracterizou aquele período”, escreveu o analista Khuram Chaudhry, conforme reportado pela CNBC. “Embora existam diferenças notáveis, os cenários são muito mais semelhantes do que se imagina.”

Para Chaudhry, o efeito da internet foi muito mais amplo para as ações em 2000 do que a inteligência artificial vem sendo atualmente, uma vez que poucas empresas parecem ser beneficiárias dos ganhos que a tecnologia já proporciona no valor das ações.

Ainda assim, o analista lembra que as avaliações em 2000 eram “significativamente mais extremas” do que as atuais. Como exemplo, o especialista citou o índice de preço/lucro das ações. Na época o índice estava com uma média de 41,2. Atualmente o ratio fica em 26,8.

Essa não é a primeira vez que a bolha pontocom é comparada com momentos mais recentes do mercado. O investidor americano Michael Burry, que previu o estouro da bolha imobiliária, comparou o cenário de 2022 com o que houve em 2000. Braço direito de Warren Buffett, Charlie Munger (1924-2023) também usou o período do começo do milênio para uma comparação com o cenário ao fim de 2021.