Desde que saiu das cordas após a pandemia, a Azul vem trabalhando para colocar as operações e as contas em dia. E em meio a um mercado mais racional e valuation atrativo, o resultado é a abertura de uma boa oportunidade para entrar nas ações, com o Goldman Sachs entendendo que elas podem até dobrar de valor.
Em revisão das premissas da tese de investimento, os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins decidiram elevar a recomendação para as ações de neutro para compra e o preço-alvo para as ações de R$ 24,30 para R$ 29,90. O novo valor pressupõe que o papel tem potencial para quase dobrar de valor.
Com os problemas do passivo bem encaminhados após a renegociação com as empresas de arrendamento de aeronaves e os detentores de bonds bem resolvida, os analistas do Goldman Sachs veem a empresa se beneficiando da racionalização do mercado, além dos ajustes operacionais, num momento de alta dos preços dos combustíveis.
“Para nós, a situação da Azul representa uma oportunidade de compra, dado o atual estado racional do ambiente competitivo, que deve permitir aumento de preços nos próximos trimestres para compensar os custos maiores”, diz trecho do relatório.
Os analistas dizem que a Azul conseguiu repassar os custos dos combustíveis para as tarifas no ano passado, resultando numa expansão de 27% da RASK, métrica do setor de aviação em que a receita operacional é dividida pelo total de assentos-quilômetro oferecidos.
Eles destacam ainda que a empresa conseguiu manter o yield, o valor médio pago por um passageiro para voar um quilômetro, em níveis elevados no primeiro semestre, além do fato de a capacidade ter permanecido praticamente estável nos últimos dez anos.
Mesmo assim, o mercado permanece cético com a capacidade da Azul de ajustar apropriadamente as tarifas, o que se traduziu numa queda de cerca de 35% dos preços das ações nos últimos três meses. Desde o segundo trimestre, a queda é de quase 40%. O resultado foi colocar os papéis num bom ponto de entrada, de acordo com o relatório do Goldman Sachs.
“Após a recente correção do preço das ações, vemos agora os papéis negociados a um EV/Ebitda de cerca de 4 vezes para 2024, o que representa um desconto perto de 50% em relação à média histórica, e se compara à média global de 5 vezes”, diz trecho do relatório.
Embora tenha revisado para baixo a expectativa para o Ebitda de 2023 em 3%, a R$ 5,3 bilhões, o Goldman Sachs elevou em 3% a projeção para 2024, a R$ 6,4 bilhões, montante 8% acima do consenso do mercado, segundo levantamento da Bloomberg.
Por volta das 13h, as ações da Azul subiam 12,9%, a R$ 15,27. No ano, elas acumulam alta de 37,6%, levando o valor de mercado a R$ 4,7 bilhões.