No último dia 13 de outubro, a B3 fechou a compra da Datastock, como parte da sua estratégia para ganhar tração em negócios relacionados a dados e analytics. Menos de um mês depois, a bolsa brasileira volta a movimentar o seu balcão de M&A com uma nova transação e sob a mesma orientação.

Nesta quinta-feira, 10 de novembro, a B3 anunciou um acordo para a aquisição da Neurotech, empresa brasileira especializada na criação de sistemas e soluções de inteligência artificial, machine learning e big data.

O desembolso nesse caso será bem superior. Enquanto a compra da Datastock foi avaliada em até R$ 80 milhões, o deal de hoje envolve um cheque de R$ 620 milhões, além de um valor de até R$ 523 milhões em earn-outs atrelados ao alcance de metas de desempenho da Neurotech nos próximos quatro anos.

“A aquisição da Neurotech alavanca o potencial de crescimento do negócio de dados e analytics e fortalece nossa estratégia de diversificação, contribuindo para o crescimento além do negócio principal da Bolsa”, disse Gilson Finkelsztain, CEO da B3, em nota sobre o acordo.

Fundada em 2002 por mestres e doutores em ciência da computação, matemática e inteligência artificial, a Neurotech é dona de um portfólio de ferramentas analíticas aplicadas na análise de grandes volumes de dados estruturados e não estruturados em gestão de crédito, redução de riscos, prevenção a fraudes, e vendas e marketing.

A empresa teve origem no Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco e foi incubada no Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (CESAR). A companhia tem mais de 320 funcionários, uma base de mais de 150 clientes e uma projeção de receita líquida entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões em 2023.

No comunicado, a B3 ressaltou que a incorporação da Neurotech dialoga com outra aquisição realizada pela operação. Em outubro de 2021, a bolsa brasileira comprou a catarinense Neoway, em uma transação cujo valor total envolveu o montante de R$ 1,8 bilhão.

“A atuação integrada com Neurotech e Neoway traz oportunidades de sinergias em receita e expansão do mix de produtos, potencializando o desenvolvimento de soluções combinadas e de alto valor agregado, além de um aumento significativo da capilaridade de clientes”, destacou a B3, no comunicado.

Em outro movimento inorgânico, a B3 mantém uma joint venture com a Totvs, anunciada em julho de 2021. Batizada de Dimensa e com um portfólio voltado a ofertas B2B no setor financeiro, a operação, na qual a B3 investiu inicialmente R$ 600 milhões, também vem cumprindo uma agenda de aquisições.