Em março de 2021, quando separou oficialmente sua operação do Assaí, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) alimentou as expectativas de que poderia, enfim, destravar seu valor e conquistar a confiança dos investidores. Desde então, as ações da empresa cumprem uma trajetória descendente na B3, com poucos sinais de reversão desse quadro.
Apesar desse roteiro acidentado, a varejista parece, enfim, enxergar um cenário mais favorável para entregar o que dela se esperava. Esse é o contexto de um relatório divulgado nesta quarta-feira, 4 de maio, pelo Bank of America.
Na análise, o banco americano altera a recomendação para a ação do GPA, de underperform (abaixo da média do mercado) para compra. E também o preço-alvo do papel, de R$ 25 para R$ 28.
“Nós esperamos que o GPA e suas operações se beneficiem do aumento da inflação de alimentos e de uma normalização que acreditamos que irá facilitar a alienação de mais ativos”, escreveram os analistas Robert Aguilar, Melissa Byun e Vinícius Preto, em uma referência à venda recente de imóveis ao Assaí.
Em outra frente, o Bank of America também destacou a mudança recente na gestão do GPA, com a chegada, em março deste ano, de Marcelo Pimentel, ex-CEO da Marisa, para substituir Jorge Faiçal no comando da operação.
Para o trio de analistas do BofA, a medida trouxe um executivo sênior e de “considerável experiência e credibilidade” no mercado. E com capacidade de aproveitar os avanços conquistados nas estratégias multicanal para levar o grupo a um outro patamar.
O banco americano também enxerga boas perspectivas nas operações do GPA no exterior. No Uruguai, essa visão positiva se justifica pela recente reabertura do país ao turismo. Já na Colômbia, é explicada pela possibilidade de um spin-off da Éxito.
“Dadas as necessidades de liquidez da estrutura de controle do GPA, também não descontamos uma revisão estratégica e/ou a venda de operações brasileiras”, observaram os analistas.
No relatório, o banco também faz menção ao suposto interesse de Abilio Diniz em retornar à operação. No último domingo, dia 1º de maio, o colunista Lauro Jardim publicou em sua coluna no jornal O Globo que o empresário estaria negociando com o Casino um possível investimento no ativo, controlado pelo grupo francês.
O GPA não se manifestou a respeito. Mas a possibilidade animou os investidores. Desde então, as ações da varejista acumulam alta superior a 9,5%, levando-se em conta a cotação na B3 nesta quarta-feira, 4 de maio, por volta das 15h.
“Percebemos que o valuation do GPA sofre com temores de governança e acreditamos que vendas estratégicas seriam capazes de trazer prêmios consideráveis. As ações do GP também são listadas no Novo Mercado e, como tal, conferem direitos de tag along e outras proteções aos acionistas minoritários”, observaram os analistas do BofA.
O GPA está avaliado em R$ 5,9 bilhões. No ano, suas ações acumulam uma valorização de 2,6%.