O resultado do follow on do Grupo Casas Bahia segue repercutindo negativamente. A operação decepcionou analistas e investidores ao levantar R$ 620 milhões, abaixo dos R$ 1 bilhão projetados inicialmente, sendo mais um fator para empurrar para baixo as ações, que já acumulam queda de 70% no ano e se transformaram em penny stocks ao ficarem abaixo de R$ 1.
Quem passou recentemente para o time dos céticos é o BB Investimentos, que rebaixou a recomendação para os papéis de compra para neutro e reduziu o preço-alvo de R$ 2,30 para R$ 1,40.
Segundo a analista Georgia Jorge, o fato de a companhia ter prosseguido com uma oferta que precificou as ações a R$ 0,80, desconto de 30% sobre o preço de fechamento do dia da precificação e 57% abaixo do valor registrado no dia seguinte ao anúncio do plano de reestruturação operacional, transmitiu uma mensagem negativa, especialmente aos acionistas minoritários.
“Com esse movimento, a companhia chancelou um novo patamar de preço para suas ações e sinalizou aos investidores a necessidade de captação de recursos ‘a qualquer preço’ ao invés de aguardar até que o mercado pudesse vislumbrar os primeiros sinais positivos decorrentes do plano de transformação”, informa um trecho do relatório BB Investimentos. “O desconto cobrado pelo mercado para participar do follow on emana uma mensagem negativa, que não pode ser ignorada.”
O resultado do follow on acabou ofuscando a reestruturação que o CEO Renato Franklin pretende conduzir nos próximos dois anos, considerada positiva pela analista do BB Investimentos.
No relatório, Georgia Jorge diz que a divulgação de um plano que prioriza a geração de caixa e melhoria da rentabilidade poderia ser um “catalisador de resultados mais construtivos já nos próximos trimestres”. Esses dois pontos foram alguns dos motivos que levaram o BB Investimentos a elevar a recomendação para as ações para compra naquela ocasião.
A analista ainda entende que o plano é positivo, mas afirma que o Grupo Casas Bahia deve enfrentar uma série de percalços pelo caminho, alguns deles totalmente alheios à vontade da companhia, como as discussões envolvendo questões tributárias e a entrada de novos players, acirrando a concorrência.
“Consideramos também que seria importante que a companhia trouxesse ao mercado um cronograma de implementação das mudanças propostas com vistas a facilitar o acompanhamento do plano de transformação, fato que diminuiria a assimetria e, consequentemente, o prêmio de risco, em nossa visão”, informa outro trecho do relatório.
A expectativa do BB Investimentos é de que os resultados do Grupo Casas Bahia no segundo semestre venham pressionados pela redução dos estoques no 1P (vendas diretas), impactando margem bruta, e pelas despesas não recorrentes atreladas à demissão de funcionários e fechamento de lojas físicas.
As ações do Grupo Casas Bahia fecharam o pregão desta segunda-feira, dia 18 de setembro, com queda de 5,26%, a R$ 0,72, abaixo da cotação do follow on. O valor de mercado da companhia totaliza R$ 1,1 bilhão.