A busca por fontes alternativas para alimentar a crescente exigência de consumo dos data centers tem sido um dos destinos do boom de investimentos em inteligência artificial (IA). E nessa onda, uma corrente, em particular, vem ganhando força: a energia nuclear.

Essa equação foi reforçada por uma cifra de mais de US$ 1 bilhão, resultado de uma soma que envolve dois nomes de peso no mundo dos negócios e da tecnologia: Bill Gates, cofundador da Microsoft, e Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI, dona do ChatGPT e um dos ícones da IA.

Empresa de inovação nuclear criada em 2006 por Gates, a TerraPower anunciou uma captação de US$ 650 milhões nesta quarta-feira, 18 de junho. Além do seu fundador, a rodada teve a participação da NVentures, braço de capital de risco da Nvidia, e da HD Hundai, que já investia na operação.

Quem complementou essa conta bilionária foi a Oklo, empresa com capital aberto na Bolsa de Nova York e que tem Altman como um dos seus investidores. Nesta semana, a companhia concluiu uma captação de US$ 460 milhões.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, 16 de junho, a empresa ressaltou que, no processo, levantou US$ 60 milhões a mais do que inicialmente havia previsto. Fundada em 2013, a Oklo baseia seu modelo em pequenas usinas nucleares modulares e está avaliada em US$ 9,1 bilhões.

A companhia passou a ser negociada na Nyse em outubro de 2024, por meio da união com a AltC Acquisition Corp, uma SPAC (Special Purpose Acquisition Company). Em mais uma medida do apetite dos investidores pela energia nuclear, em 2025, suas ações acumulam alta de 192,1%.

Antes da captação anunciada hoje, a TerraPower, por sua vez, já havia levantado US$ 1,4 bilhão junto a investidores. A empresa também obteve uma doação de US$ 2 bilhões do governo americano para apoiar o desenvolvimento e a construção da sua primeira usina nuclear, no estado do Wyoming.

“A TerraPower foi fundada com base na ideia de que a inovação na ciência nuclear poderia gerar impactos globais positivos. Essa rodada reforça ainda mais a ideia de que nossas tecnologias são as soluções que a indústria busca”, afirmou, em nota, Chris Levesque, CEO da empresa.

No comunicado sobre o aporte, a companhia também ressaltou que, além da sua primeira usina, os planos da operação envolvem escalar rapidamente estruturas adicionais nos Estados Unidos e em outros países.

Enquanto atraem investidores, tanto a TerraPower como a Oklo enfrentam o duplo desafio de provar que seus projetos podem ser bem-sucedidos e, ao mesmo tempo, da concorrência cada vez mais acirrada com players americanos, chineses e russos.

Além das cifras substanciais da IA, outros números alimentam essa corrida. Entre eles, a projeção da consultoria ICF de que a demanda por eletricidade nos Estados Unidos deve crescer 25% até 2050, após anos praticamente estagnada.