Agora está valendo. A disputa pela operação de fibra óptica da Oi começou. Das dez empresas que tinham se interessado pelo ativo, pelo menos duas apresentaram propostas vinculantes pela InfraCo, nesta sexta-feira, 22 de janeiro.
São eles fundo americano Digital Colony, que controla a Highline, e o BTG Pactual, por meio do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Economia Real, apurou o NeoFeed.
A InfraCo é um negócio de R$ 20 bilhões, que é valor mínimo da empresa exigido pela Oi. Ao contrário das outras vendas, na quais se desfez de 100% do ativo, a Oi vai manter uma fatia minoritária na InfraCo.
A operadora colocou à venda 51% das ações ordinárias. O comprador terá de pagar um preço mínimo de R$ 6,5 bilhões, assumir dívidas de R$ 2,4 bilhões. Isso sem contar os investimentos necessários para ampliar a rede de fibra óptica, estimados em R$ 20 bilhões.
A proposta do BTG Pactual, por 51% das ações ordinárias, é bem detalhada e vale até o dia 4 de fevereiro, condicionada a ser escolhido como stalking horse, isto é, ter a preferência de fazer a última oferta no leilão do ativo.
Segundo apurou o NeoFeed, o executivo Amos Genish, ex-CEO de GVT, Telefônica/Vivo e Telecom Italia, será o chairman da empresa. A proposta do BTG chega, inclusive, a detalhar quem assumirá como CEO e CFO, caso saia vencedor, e traz um esboço de um acordo de acionistas.
O Digital Colony, que também entrou na disputa pela Oi Móvel através da Highline, vencida pela consórcio de operadoras TIM, Vivo e Claro, que fizeram uma oferta de R$ 16,5 bilhões, está também no páreo.
A oferta do Digital Colony, segundo apurou o NeoFeed, avaliou a empresa acima dos R$ 20 bilhões, que era o valor mínimo exigido pela Oi. Ela também é por 51% das ações ordinárias da InfraCo. A empresa não tem parceiros por trás da oferta.
"O importante é a sinalização do apetite do Digital Colony/Highline em investir em infraestrutura digital no Brasil", diz uma fonte. "Colocar uma proposta vinculante na magnitude do deal de hoje mostra que eles não estão de brincadeira."
O vencedor vai ficar com uma das maiores operações de fibra do Brasil. Trata-se de uma rede que conta 400 mil quilômetros de fibras ópticas e já alcança 2,2 mil cidades no País.
No começo de dezembro, a Oi divulgou dados sobre a sua operação de fibra óptica em uma estratégia em que muitos do mercado interpretaram como um recado aos interessados na InfraCo. Em 2020, a rede de fibra da Oi quase triplicou o número de assinantes e atingiu a marca de 2 milhões de clientes. No ano passado, tinha apenas 700 mil clientes. Em 2018, 100 mil.
A área de fibra óptica está bem aquecida por conta da demanda por banda larga de alta velocidade, que se tornou um item essencial com a pandemia do novo coronavírus. Da noite para o dia, aulas passaram a ser online e a telemedicina se virou uma realidade. Milhões de pessoas começaram a trabalhar de casa e pequenos negócios foram obrigados a vender pela internet. Tudo isso depende da fibra óptica.
Os negócios nessa área estão também agitados. A Vivo e a TIM estão vendendo uma fatia de seus negócios de fibra óptica em um modelo semelhante ao da InfraCo. Outro exemplo é o da gestora de private equity EB Capital, que captou R$ 1,5 bilhão em um fundo de investimento para a EB Fibra, dona das marcas Sumicity e Mob Telecom, para investir em pequenas empresas regionais de fibra.
Na disputa por esse mercado está ainda a Vinci Partners, que criou a Vero para comprar pequenos provedores de fibra óptica e já está presente em mais de 90 cidades. A mineira Algar, que conta com uma rede de 80 mil quilômetros em 16 estados, está também se preparando para participar dessa consolidação.
Correção: a primeira versão desse artigo dizia que a oferta era da Highline, controlada pelo Digital Colony. Mas a oferta foi feita diretamente pelo Digital Colony