O banco BV informou ao Méliuz que não irá exercer a opção de compra de 20% das ações da companhia, segundo fato relevante enviado ao mercado nesta segunda-feira, 17 de fevereiro.
A negociação estava prevista no acordo feito pelas empresas em dezembro de 2022, quando o BV adquiriu a participação de 3,85% no Méliuz. A opção de compra teria de ser concluída até 31 de março de 2025. Se acontecesse, o banco se tornaria o acionista majoritário da empresa.
Na época, a parcela inicial havia sido vendida pelo então CEO Israel Salmen, pelo diretor de estratégia, shopping e dados da empresa, André Amaral, e pelo diretor de recursos humanos, Lucas Marques, que também cederiam sua participação para a possível nova compra.
Na data, o preço de aquisição foi R$ 1,50 por ação, o que representava um prêmio de 27% sobre o valor dos papéis. Desde lá, as ações da Méliuz valorizaram mais de 160%, levando o valor de mercado da companhia para R$ 342 milhões. Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o papel fechou cotado a R$ 3,93. Segundo o documento, a decisão do banco é irrevogável e irretratável.
Com a notícia, o fundo de investimento BV Multiestratégia Investimento no Exterior (FIP BV), que pertence ao banco, também assinou um distrato do acordo de votos celebrado em 8 de março de 2023, que revoga o direito do BV de indicar um membro para o conselho de administração do Méliuz.
Júlio Cezar Tozzo Mendes Pereira, que representava o banco no conselho da empresa, assinou sua carta de renúncia.
Apesar de não comprar as ações, o documento afirma que as companhias continuam sendo parceiras comerciais. “Com o intuito de proporcionar maior alinhamento entre as partes, o acordo comercial para a oferta de produtos e serviços financeiros foi objeto de ajustes de determinadas condições, com Méliuz e banco BV reafirmando sua parceria de longo prazo”, afirmou o Méliuz no documento.
Com essa atualização, a companhia disse que se, hipoteticamente, o novo ajuste do acordo comercial tivesse sido aplicado no resultado do terceiro trimestre de 2024, o último divulgado, ele teria causado um impacto negativo de aproximadamente R$ 7 milhões na receita líquida consolidada do Méliuz.
Em 2023, o Méliuz vendeu sua fintech Bankly para o BV por R$ 210 milhões. Em 2024, as companhias criaram, juntas, o Shopping BV, marketplace do banco.
Ao longo de 2024 o Méliuz fez mudanças relevantes na sua estrutura de capital. A empresa reduziu seu capital em R$ 220 milhões e restituiu o valor de R$ 2,52 por ação aos acionistas.
Com isso, o caixa da companhia, que se encontrava em R$ 451,4 milhões no segundo trimestre de 2024, caiu 46% para R$ 241,5 milhões no terceiro trimestre. O montante se aproxima do valor de mercado da companhia.
Nesse meio tempo, um dos fundadores da companhia, Israel Salmen, vem aumentando sua participação na empresa. No fim do ano passado, Salmen detinha 17,5% de participação na companhia. Hoje, o empresário já conta com 18,1%.