As lojas e canais virtuais da Raia Drogasil (RD) e da DPSP (Pacheco e São Paulo) nas regiões Sul e Sudeste começam a abastecer suas prateleiras com o Olire, primeira caneta emagrecedora produzida no Brasil, nesta segunda-feira, 4 de agosto, como revelou, com exclusividade, o NeoFeed, .
Desenvolvido e fabricado pela EMS, o medicamento é baseado no princípio ativo liraglutida. E chega embalado pela expectativa do efeito colateral que poderá trazer a um mercado, até aqui, dominado pela americana Eli Lilly e, em especial, a dinamarquesa Novo Nordisk, que popularizou a categoria.
Esse é o tema de um novo relatório do Itaú BBA, que, a princípio, não projeta um grande impacto nas vendas em farmácias. Mas ressalta que o preço joga a favor da caneta da EMS, em uma equação que parte da comparação com os valores de medicamentos da Novo Nordisk.
O banco estima que o Olire terá um preço 20% a 30% menor que o Saxenda, remédio contra obesidade da farmacêutica dinamarquesa baseado em liraglutida, cuja patente no Brasil expirou em novembro de 2024. O Itaú BBA também frisa que esse princípio ativo tem uma fatia de apenas 5% desse segmento no País.
Já em relação ao Wegovy e ao Ozempic, os blockbusters da Novo Nordisk, baseados no princípio ativo semaglutida, a projeção é de que a opção da EMS tenha um preço 30% inferior. O que, na visão do banco, pode contribuir para encorpar um mercado que já movimenta R$ 5,5 bilhões no País.
“Embora seja improvável que essa diferença de preço desencadeie a migração de usuários de semaglutida, ela pode ajudar a expandir o mercado potencial, embora acreditemos que esse efeito seja limitado, dada a sua menor eficácia”, escrevem os analistas do Itaú BBA.
O relatório pontua que dois fatores explicam essa menor popularidade da liraglutida. O primeiro é a eficácia. Segundo estudos, os pacientes em tratamento com esse princípio perdem aproximadamente 6,4% de peso, contra 15,8% de peso na semaglutida.
Em outro dado, a proporção de pacientes que alcançam perda de peso significativa, de cerca de 15%, também é maior na semaglutida, de 56%, versus 12% na liraglutida. O banco inclui a conveniência nessa conta. Enquanto, na primeira, a dose é semanal, a liraglutida requer injeções diárias.
À parte dos impactos limitados nesse primeiro momento, o Itaú BBA aponta que o lançamento da EMS abre a contagem regressiva para os medicamentos genéricos baseados na semaglutida, previstos para o segundo semestre de 2026. E que, em sua análise, serão o verdadeiro divisor de águas nesse segmento.
Esse novo pacote inclui players como Cimed, Hypera e Biomm, além da própria EMS. Na outra ponta desse balcão, a Novo Nordisk tentou estender sua patente no Brasil, sob a alegação de que o processo de aprovação, que se estendeu por 13 anos, reduziu seu período de exclusividade no mercado local.
Até o momento, porém, a farmacêutica dinamarquesa não teve sucesso na ampliação desse prazo, ao ver seu pedido negado em diversos tribunais. Agora, uma decisão final é aguardada no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em meio a esse imbróglio, o Itaú BBA observa que, embora sejam princípios diferentes, o desempenho do Olire, da EMS, pode oferecer uma prévia do que esperar quando os genéricos do Ozempic chegarem ao mercado no ano que vem, em termos de impactos para as redes de farmácias.
Nessa direção, para testar os efeitos potenciais, os analistas traçaram dois cenários, usando como referência, a Raia Drogasil (RD). No primeiro deles, o banco se baseou em diferentes quedas de preços e margens brutas, sem considerar expansões de mercado.
“Mesmo em um cenário conservador, com uma queda de preço de 35% e margem bruta de 25%, a categoria já teria um acréscimo nos lucros”, ressaltam os analistas.
Já no segundo cenário, o Itaú BBA assumiu uma redução fixa no preço de 35% e testou diferentes níveis de demanda incremental. Em um contexto com margem bruta de 30% e crescimento de volume de 20%, a partir do preço mais acessível, a estimativa de lucro líquido da rede para 2026 seria 11% maior.