Cantor, compositor, arranjador e produtor. Da televisão ao cinema, passando pela Broadway. Foi com a combinação de todas essas personas que Barry Manilow ganhou fama, vendeu mais de 60 milhões de discos e colecionou prêmios e hits como “Mandy”, “Copacabana (At the Copa)” e “I Write the Songs”.
Um dos ícones do chamado “easy listening” ou “adulto contemporâneo”, o artista americano de 81 anos mostrou, porém, uma outra faceta da sua personalidade nesta semana, ao subir o tom em busca de seus direitos nos tribunais.
Segundo o jornal Financial Times, Manilow moveu uma ação judicial contra o Hipgnosis Songs Fund, detentor de catálogos musicais e de direitos autorais e parte do portfólio da Blackstone. A alegação é de que o fundo britânico violou um contrato e lhe deve £ 1,5 milhão - cerca de R$ 11,1 milhões.
Essa pendência está ligada a um acordo fechado em 2020, quando a Hipgnosis, que gerenciava o fundo em questão, comprou os direitos de 917 músicas do artista, por £ 7,5 milhões (cerca de R$ 55,5 milhões). Nos termos da transação, Manilow teria acesso a dois pagamentos de bônus adicionais de £ 750 mil caso certas metas de lucro fossem alcançadas.
O contrato estabelecia que o cantor receberia a primeira parcela do bônus caso o retorno do fundo com os royalties tivesse um crescimento anual de pelo menos 10% nos primeiros três anos após a venda. E um bônus adicional seria pago se houvesse um aumento de 10% no quarto ano depois do acordo.
No processo, Manilow alega que as condições para que esses pagamentos fossem realizados teriam sido cumpridas. O tom da discórdia entre as duas partes, porém, está nos valores relativos ao primeiro ano após a conclusão da transação.
A relação entre o artista e a Hipgnosis já tinha desafinado no início deste mês, quando o fundo entrou com uma ação contra Manilow no Tribunal Superior de Londres, alegando quebra de contrato e requerendo um julgamento sobre como certas cláusulas no contrato deveriam ser interpretadas.
Na época, a empresa observou que, em discussão com representantes do cantor, ficou claro que havia uma diferença na compreensão de certos termos do contrato que tratavam justamente dos pagamentos de bônus.
Em seu “contra-ataque”, Manilow também acusa a Hipgnosis de representação “fraudulenta e negligente”, ao ressaltar que a empresa não levou à frente nenhuma das estratégias que havia destacado durante as negociações do contrato.
Entre outras questões, os planos passavam por projetos como uma série de shows veiculada no Amazon Prime, o lançamento de um canal no YouTube e ações relacionadas à música “Copacabana” em mídias como o TikTok.
Fundada em 2018 por Merck Mercuriadis, ex-empresário de artistas como Guns N’Roses, Elton John, Morrissey e Pet Shop Boys, a Hipgnosis foi um dos players responsáveis por colocar, nos anos seguintes, os direitos autorais e catálogos musicais no “topo das paradas” para os investidores.
Avaliado em mais de US$ 3 bilhões, o portfólio atual da companhia, fruto de um investimento de mais de US$ 2 bilhões, inclui mais de 40 mil músicas, distribuídas em mais de 150 catálogos de artistas como Neil Young, Red Hot Chilli Peppers, Shakira e Justin Bieber.
Com essa ascensão, o fundo chamou a atenção da Blackstone, que, em julho desse ano, desembolsou US$ 1,6 bilhão para assumir os ativos da companhia. A gestora de private equity já era um dos nomes por trás do Hipgnosis Songs Fund desde a sua criação, em 2021, quando assinou um cheque de US$ 1 bilhão para o fundo.