Foram 49 anos de carreira sem um ponto final oficial. Nesse período, entre hiatos e disputas internas que colocaram Roger Water, baixista e principal compositor, e os demais integrantes em lados opostos, o Pink Floyd escreveu seu nome entre as principais bandas do rock e da música mundial. E também acumulou grandes marcas.
A banda vendeu, por exemplo, mais de 250 milhões de álbuns ao redor do mundo. Um dos destaques dessa discografia, o clássico “The Dark Side of the Moon”, é, entre outros recordes, o disco que mais semanas acumulou na Billboard 200, a parada da revista americana Billboard. Outro sucesso foi o álbum "The Wall", que virou também filme.
Com seu último álbum, “Endless River”, lançado em 2014, o Pink Floyd só voltou a dar um sinal aos seus fãs em abril deste ano, quando lançou a música “Hey Hey Rise Up”, em apoio à Ucrânia. Mas tudo indica que, mesmo sem a expectativa de um retorno, a banda inglesa irá acrescentar novos números à sua coleção.
É o que mostra uma reportagem do Financial Times. Segundo o jornal britânico, a gestora americana de private equity Blackstone está negociando a compra do catálogo do grupo. E o acordo em questão pode avaliar as músicas de Waters e seus pares em quase US$ 500 milhões.
O negócio está sendo costurado por meio da Hipgnosis Song Management, empresa fundada por Merck Mercuriadis, ex-empresário de artistas como Elton John e Guns N’Roses, e na qual a Blackstone detém uma participação majoritária.
A Blackstone não é, no entanto, a única interessada. Segundo pessoas familiarizadas com as conversas, a lista inclui ainda nomes como Sony Music, Warner Music, BMG, com o apoio do fundo de private equity KKR, e Primary Wave, empresa de direitos de música que tem a Oaktree Capital entre seus investidores.
As apostas da Blackstone nesse páreo estão centradas no Hipgnosis Songs Capital, fundo criado em 2021 e que, até o momento, comprou os catálogos de artistas com Leonard Cohen, Nile Rodgers, Nelly Furtado e Justin Timberlake.
Nos termos em negociação, um eventual acordo para adquirir os direitos sobre clássicos como “Confortably Numb”, “Another Brick in the Wall”, “Money” e outras músicas do Pink Floyd valeria, porém, mais do que todos os ativos já adquiridos pela Hipgnosis.
Com a possibilidade de ser fechado nas próximas semanas, o negócio envolveria tanto os direitos autorais das músicas quanto os de suas gravações. E estaria sendo avaliado em aproximadamente £ 400 milhões (US$ 470 milhões).
A disputa pelo acervo do Pink Floyd é mais uma amostra de como os direitos autorais de música estão virando um hit entre investidores. Em janeiro desse ano, por exemplo, a Warner Chappel adquiriu o catálogo do cantor inglês David Bowie em uma transação estimada em mais de US$ 250 milhões.
A “parada” de artistas que já venderam os direitos sobre seus catálogos inclui outros grandes nomes. Entre eles, Bob Dylan, que recebeu US$ 300 milhões por mais de 600 músicas, e Bruce Springsteen, que embolsou cerca de US$ 500 milhões em um acordo fechado em dezembro de 2021 com a Sony Music.
A extensa relação passa ainda por artistas como Neil Young, Shakira, Bob Marley e os integrantes e ex-membros do Fleetwood Mac, Mick Fletwood, Stevie Nicks e Lindsey Buckingham.