A Basf, maior grupo químico do mundo, está prestes a vender sua divisão de pintura e revestimentos automotivos para o fundo americano Carlyle, pelo montante de € 7 bilhões, segundo fontes ouvidas pelo Financial Times (FT).
A transação ocorre após o fundo superar diversas empresas, como a KPS Capital Partners, em um leilão pela unidade de negócios que hoje atende gigantes como Mercedes-Benz, Toyota, Jaguar Land Rover (JLR) e até a equipe de Fórmula 1 Kick Sauber. Segundo a empresa, a divisão conta com mais de 10.300 funcionários e gera € 3,8 bilhões em vendas anuais.
Caso oficializada, a venda da vertical seria responsável pela injeção de um capital relevante na Basf, que enfrenta o seu pior momento em anos em decorrência do aumento de preços de energia motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Em 2024, a empresa reduziu seus dividendos em um terço, após suas ações perderem grande parte do seu valor pré-guerra. Neste ano, os papéis se mantêm praticamente estáveis, mas a níveis muito inferiores aos vistos anteriormente.
Na semana passada, em mais um movimento de otimização de capital, a Basf vendeu sua divisão brasileira de tintas decorativas para a Sherwin Williams por US$ 1,15 bilhão. Por aqui, a companhia também está avaliando se desfazer de seu negócio de enzimas para ração animal.
A Basf também confirmou que tem a intenção de se desfazer de uma parte de sua divisão de agroquímicos, responsável por € 9,8 bilhões, se preparando para um possível IPO em 2027.
No Capital Markets Day, evento da empresa que reúne investidores, acionistas e o mercado, realizado na semana passada, a mensagem da companhia foi bastante clara: com capital bem alocado, a companhia tem espaço para entregar, novamente, crescimento e lucro.
O cenário não é simples. Isso porque as empresas químicas da Europa, em geral, têm enfrentado muitas dificuldades com a desaceleração do setor, causada por excesso de capacidade produtiva, demanda mais fraca e forte concorrência das gigantes chinesas.
Com essa perspectiva, gigantes como ExxonMobil e Sabic, da Arábia Saudita, estão avaliando deixar de lado algumas de suas operações químicas na Europa. Ao mesmo tempo, no início deste ano, a LyondellBasell vendeu quatro fábricas europeias.
Para a Carlyle, possível compradora da unidade da Basf, o negócio é uma oportunidade. Em 2018, a empresa adquiriu divisão química do conglomerado holandês AkzoNobel por € 10,1 bilhões, o que a prepara para esse novo momento.