Gigante nas buscas, o Google ainda não conseguiu replicar essa mesma presença no mercado de infraestrutura de computação em nuvem. Para reverter esse quadro, a empresa de Mountain View, na Califórnia, confirmou nesta terça-feira, 8 de março, uma de suas tacadas mais ambiciosas dentro desse portfólio.
O novo passo envolve uma proposta de aquisição da Mandiant, companhia americana de segurança cibernética. Para comprar o ativo, o Google está disposto a pagar US$ 23 por ação, em uma transação de aproximadamente US$ 5,4 bilhões.
Fundada em 2004, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, a Mandiant tem capital aberto na Nasdaq. Avaliada em US$ 5,39 bilhões, a empresa fechou o pregão da segunda-feira com suas ações cotadas em US$ 22,49, alta de 16,05%, na esteira de uma reportagem do site The Information sobre o interesse do Google na companhia.
“A aquisição da Mandiant complementará os pontos fortes existentes do Google Cloud em segurança”, informou a Alphabet, holding controladora do Google, em comunicado oficial sobre a aquisição. A Mandiant será incorporada à divisão de nuvem do Google após a conclusão da operação, prevista para este ano.
Na nota, a Alphabet também destacou que a Mandiant oferece inteligência contra ameaças em tempo real, por meio de ofertas em seu portfólio que incluem serviços de consultoria; detecção e inteligência de ameaças; ferramentas de automação e resposta; testes e validação; e gestão de defesa.
“Organizações em todo o mundo estão enfrentando desafios de segurança cibernética sem precedentes, pois a sofisticação e a gravidade dos ataques, que antes eram usados para atingir governos, agora estão sendo usadas para atingir empresas em todos os setores”, disse Thomas Kurian, CEO da Google Cloud.
Fundador e CEO da Mandiant, Kevin Mandia acrescentou: “Estamos entusiasmados por unir forças com a Google Cloud. Juntos, iremos fornecer conhecimento e inteligência em escala, mudando o setor de segurança”.
Desde o início da onda relacionada à computação em nuvem, na primeira década deste século, a segurança sempre foi uma das barreiras e questões críticas na decisão das empresas migrarem para esse modelo. Esse fator ganhou ainda mais peso com a escalada de incidentes na área.
Diante desse quadro, a compra da Mandiant é mais uma tentativa do Google de reduzir a distância para rivais como a Amazon Web Services (AWS), empresa da Amazon no segmento, e da Microsoft, que ganhou escala nos últimos anos por meio do portfólio embarcado na plataforma Azure.
De acordo com uma reportagem publicada pela agência Bloomberg, no início de fevereiro desse ano, a Microsoft era, inclusive, uma das empresas interessadas na aquisição da Mandiant.
“Com os ataques cibernéticos aumentando a cada dia e a guerra cibernética em andamento com organizações de terrorismo patrocinadas pela Rússia, o Google está dobrando sua pegada de segurança no momento certo com a Mandiant e procurando se diferenciar de gigantes como a Microsoft e Amazon na corrida armamentista da nuvem”, disse, em nota a investidores, Dan Ives, analista da Wedbush Securities.
Em outro dado que reforça a importância do acordo, a aquisição, se consumada, será a segunda maior já realizada pelo Google, atrás apenas da compra da Motorola Mobility, em 2012, por US$ 12,5 bilhões.
Fundada por Kevin Mandia, um ex-oficial da Força Aérea americana, a Mandiant começou a chamar a atenção no mercado nos anos seguintes, depois de identificar, na China, a origem de diversos ataques cibernéticos a empresas americanas.
Em 2013, a companhia foi comprada pela também americana FireEye, por US$ 1 bilhão. No ano passado, a FireEye vendeu sua divisão de produtos para usuários finais a fundos de private equity. E, à parte desse acordo, a Mandiant, ainda sob a liderança de Mandia, permaneceu com o capital aberto.
No ano passado, a empresa reportou uma receita de US$ 483,4 milhões, um crescimento de 21% sobre o resultado registrado em 2020.