A Microsoft anunciou um novo acordo de investimento com a OpenAI, que marca a extensão da parceria entre as duas companhias. O acerto mantém o acesso antecipado aos modelos desenvolvidos pela criadora do ChatGPT e amplia o período em que a gigante de tecnologia poderá explorar a propriedade intelectual desses sistemas.
As ações da Microsoft sobem pouco mais de 2% na terça-feira, 28 de outubro, nos Estados Unidos, com investidores reagindo ao anúncio. Com a alta das ações, seu valor de mercado passa para US$ 4,04 bilhões, ultrapassando a Apple entre as mais valiosas do mundo e ficando atrás apenas da Nvidia.
Pelo novo acordo, os direitos de propriedade intelectual da Microsoft sobre os modelos e produtos da OpenAI foram estendidos até 2032 e agora incluem também modelos desenvolvidos após a chegada da inteligência artificial geral (AGI), com as devidas salvaguardas de segurança.
O prazo de acesso aos métodos confidenciais usados na criação de modelos e sistemas será mantido até 2030, ou até que um painel independente de especialistas verifique a existência da AGI (inteligência artificial geral, em português).
AGI é termo usado para descrever uma IA capaz de pensar, aprender e se adaptar como um ser humano — ou melhor. Diferentemente das IAs atuais, que são especialistas em tarefas específicas — responder perguntas, gerar texto, escrever código —, a AGI seria uma inteligência com compreensão ampla do mundo, raciocínio abstrato e autonomia real.
Os novos termos permitem que a Microsoft busque o desenvolvimento de um AGI com outros parceiros. Por outro lado, também dão mais independência à OpenAI em relação aos serviços da Microsoft.
Foi informado que a OpenAI realizou uma compra adicional de US$ 250 milhões em serviços de nuvem da Azure, mas a Microsoft deixará de ter o direito de preferência para ser a provedora exclusiva de computação da OpenAI.
Na prática, isso significa que a criadora do ChatGPT poderá recorrer a outros fornecedores de infraestrutura para treinar e operar seus modelos de inteligência artificial, rompendo a dependência total da Azure que existia desde o início da parceria em 2019.
A Microsoft também declarou apoio à reorganização da OpenAI como uma public benefit corporation (PBC), um tipo de empresa com missão pública além do lucro, e à sua recapitalização.
Segundo a Microsoft, sua posição na OpenAI passou a ser avaliada em cerca de US$ 135 bilhões, o equivalente a 27%. Antes das rodadas mais recentes de captação, essa fatia correspondia a 32,5%.
A OpenAI é considerada a mais valiosa entre as companhias de capital fechado, avaliada em US$ 500 bilhões. A segunda maior é a SpaceX, com valuation estimado em US$ 400 bilhões, e a terceira, sua rival Anthropic, avaliada em US$ 170 bilhões.
Em 2019, quando iniciou a parceria entre Microsoft e OpenAI, a big tech investiu US$ 1 bilhão na então startup de inteligência artificial.
O acordo previa que a OpenAI utilizaria exclusivamente a nuvem Azure para treinar seus modelos e que a Microsoft teria acesso preferencial e direitos de integração comercial sobre as tecnologias desenvolvidas — incluindo os modelos GPT, que mais tarde dariam origem ao ChatGPT.
Nos anos seguintes, o investimento cresceu para mais de US$ 13 bilhões, consolidando a Microsoft como principal parceira estratégica e responsável por integrar a IA da OpenAI em produtos como o Copilot, Office e o Windows.