O Airbnb está colocando em prática um plano para reformular seu negócio. A estratégia envolve fazer com que a companhia foque em novas formas de rentabilizar sua plataforma para além dos aluguéis de curto período, cujo modelo vem apresentando problemas.

Em entrevista ao Financial Times nesta quarta-feira, 4 de outubro, Brian Chesky, fundador e CEO da companhia revelou que a empresa passará a dar mais atenção para as experiências (que incluem passeios, trilhas, aulas e até sessões fotográficas oferecidas pelos usuários) e para a locação em períodos maiores.

“O Airbnb irá um pouco além do seu negócio principal”, disse Chesky. O empreendedor revelou que uma atualização no aplicativo promete ser a maior já realizada em todos os tempos. Por trás desta reformulação está a ideia de que o serviço seja usado não apenas pelos viajantes.

“A grande fronteira do Airbnb será ir além das viagens”, afirmou Chesky. “Existe uma eventual oportunidade para o Airbnb se tornar uma parte maior da sua vida diária. Não apenas (ser utilizado) uma ou duas vezes por ano.”

Uma forma de fazer isso é com o oferecimento de aluguéis com durações de até um ano, o que é visto como uma “grande oportunidade” pelo empreendedor. Contudo, atualmente, apenas 18% das reservas feitas na plataforma no segundo trimestre tiveram estadias superiores a 30 dias.

A locação de veículos diretamente pela plataforma está no radar para ser implementada. “O segundo maior bem na vida de alguém, depois da casa, é o carro”, disse Chesky.

A renovação do modelo de negócios do Airbnb surge em um momento em que a empresa enfrenta a pressão de órgãos reguladores locais. Em Nova York, por exemplo, uma das principais cidades onde o serviço opera, novas regras limitaram a oferta de locação.

Desde setembro, os anfitriões novaiorquinos só podem alugar as residências se morarem no mesmo imóvel. Eles também precisam estar presentes durante toda a estadia dos visitantes. Fica também proibida a locação para mais de duas pessoas ao mesmo tempo e não é permitido trancar as portas dos quartos.

A prefeitura de Nova York ainda introduziu uma medida que obriga os anfitriões a realizarem um cadastro para obter a autorização para alugar o imóvel na plataforma. Para isso, é preciso pagar uma taxa de US$ 145, que precisa ser renovada a cada dois anos. As multas para os infratores variam de US$ 1.000 a US$ 7.500.

As novas regras impactam diretamente na operação do Airbnb, que viu sua oferta de locação na cidade diminuir cerca de 75% desde setembro, segundo o Financial Times.

As mudanças foram implementadas em uma tentativa da prefeitura de Nova York para amenizar a crise imobiliária que a cidade enfrenta. Para o Airbnb, tais soluções podem gerar um aumento no preço dos hotéis, o que impacta diretamente no fluxo de turistas que visita à cidade.

Em relação às experiências, o Airbnb quer ir além do que já é ofertado pelos usuários das plataformas para quem visita uma nova cidade durante uma viagem. A locação de veículos diretamente pela plataforma está no radar para ser implementada. “O segundo maior bem na vida de alguém, depois da casa, é o carro”, disse Chesky.

Avaliado em US$ 87,1 bilhões, o Airbnb registra um ano positivo no mercado em 2023. As ações da companhia acumulam alta de mais de 50% desde janeiro. O valor de mercado, contudo, é 40% menor do que o registrado no pico, em 2021, quando a empresa chegou a valer mais de US$ 131 bilhões.

Em seus resultados financeiros mais recentes, a companhia reportou receita de US$ 2,5 bilhões no trimestre, alta de 18% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Já o resultado líquido da operação foi de US$ 650 milhões, alta de 72% no mesmo período.