Quase dois anos e meio após concretizar a compra do então Twitter, em outubro de 2022, e com uma história de altos e baixos nos negócios, Elon Musk volta a ter uma empresa avaliada pelo mesmo preço que pagou. Após ser avaliada em setembro, pela Fidelity Investiments, em pouco menos de US$ 10 bilhões, a plataforma X voltou a ter valor de mercado de US$ 44 bilhões.
A nova análise foi realizada durante um acordo secundário no início de março, em que investidores venderam participações existentes na companhia, segundo o Financial Times. Antes disso, o X já vinha se movimentando para levantar, em uma rodada primária, cerca de US$ 2 bilhões. Parte desse valor seria usado para pagar parte da dívida assumida por Musk quando decidiu buscar financiamento para comprar a plataforma.
A queda de quase 80% do valor da empresa em um curto espaço de tempo teve relação com a política adotada pelo próprio Musk quando assumiu a rede social. O bilionário passou a afrouxar as políticas de moderação da plataforma, o que levou à fuga de muitos anunciantes, além de atritos com governos locais, como o Brasil.
Boa parte dos bancos que concederam financiamento para Musk comprar sua participação no X, como Morgan Stanley, Bank of America, Barclays e MUFG, vendeu praticamente todo o montante de US$ 12,5 bilhões em empréstimos, justamente porque essas instituições estavam sobrecarregados com a dívida e com a velocidade com que a plataforma vinha sendo precificada para baixo.
Pelo menos US$ 11 bilhões do total da dívida foram repassados pelos bancos entre janeiro e fevereiro deste ano. O movimento ocorreu após as instituições terem dado tempo para que a empresa pudesse levantar novo capital ou contrair outro financiamento para pagar o principal.
Considerado homem mais rico do mundo, com fortuna avaliada em US$ 419,4 bilhões, segundo a empresa de inteligência de mercado Altrata, Musk, que tinha 74% de participação na empresa, estaria comprando mais ações da companhia para justamente aumentar ainda mais seu controle na companhia.
De qualquer forma, o novo valuation da empresa representa uma recuperação financeira não só para Musk, mas também para investidores do X, como Andreessen Horowitz, Sequoia Capital, 8VC, Goanna Capital e a própria Fidelity Investments, que emitiu a mais recente avaliação.
A recuperação também se acentuou após Musk conceder 25% de participação para investidores em sua startup de inteligência artificial xAI. A empresa foi avaliada em US$ 45 bilhões, o que garantiu mais segurança aos credores do X a partir do acordo.
Durante a campanha presidencial dos Estados Unidos, Musk se aproximou de Donald Trump e passou a ser presença constante em seus comícios, além de ter feito doações para o Partido Republicano. Com isso, Trump nomeou Musk como chefe do departamento de eficiência governamental dos Estados Unidos.
A proximidade com Trump também foi um impulso para que grandes companhias voltassem a anunciar no X. Amazon, Nestlé, Lego, Pinterest e Shell foram algumas das empresas que voltaram a destinar recursos de marketing para a empresa de Musk, após um período de boicote logo após ele mudar as regras do jogo em relação às políticas da plataforma.
Além disso, a plataforma tem buscado diversificar seus negócios para aumentar a receita. O caminho anunciado no início do ano está no X Money, uma carteira digital e serviço de pagamento no modelo peer-to-peer, que já tem a Visa como parceira.
O X também pretende usar a tecnologia de inteligência artificial desenvolvida pela xAI para aumentar sua oferta de anúncios e de produtos, segundo fontes que revelaram ao Financial Times.
Pelo menos em relação ao X, o cenário começou a mudar positivamente após sua entrada na Casa Branca. Mas, desde então, o empresário tem travado discussões públicas com vários países e blocos comerciais, o que tem afetado os resultados de outra companhia do bilionário, a Tesla.
Em janeiro, as vendas dos veículos elétricos registraram queda de 45% na União Europeia e no Reino Unido, enquanto na China o tombo foi de 11%. As ações da montadora desabaram quase 30% somente em fevereiro.
Além da forte concorrência no mercado de elétricos, a queda também está associada, segundo analistas de mercado, ao tom mais politizado de Musk desde que decidiu colar sua imagem com Donald Trump.