Na quinta-feira, 18 de abril, poucas horas depois de a Câmara Municipal de São Paulo aprovar a privatização da Sabesp, em primeira votação e numa sessão tumultuada, a companhia informou, em fato relevante, a aprovação da modelagem final para a alienação parcial dos ativos do Estado na operação.

O sinal verde para o formato a ser dado no processo foi dado pelo Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (CDPED) em conjunto com o Conselho Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (CGPPP).

Nem todos os detalhes da oferta foram revelados. Mas, entre outros pontos, a desestatização será feita em duas etapas. A primeira delas envolverá uma tranche destinada a investidores estratégicos, que prevê a seleção de dois grupos, considerando os maiores preços ofertados.

Já a segunda fase incluirá um bookbuilding para cada um dos investidores, aberta aos demais investidores. Nessa tranche, o processo que consolidar a melhor demanda e preço será declarado o vencedor da oferta, com uma participação de 15%.

No que diz respeito às alterações estatutárias, o modelo aprovado prevê, entre outras questões, que o Conselho de Administração da companhia de saneamento seja reduzido de onze para nove membros, sendo três deles indicados pelo Estado, três pelo acionista de referência e três independentes.

O formato também inclui a criação de uma golden share do governo do Estado de São Paulo, com direito a veto sobre determinados pontos estratégicos. Além de uma poison pill, caso algum acionista ultrapasse 30% de participação, e da restrição ao direito de voto de acionistas ou grupo de acionistas a uma fatia máxima, também de 30%.

Ao mesmo tempo, o acionista de referência resultante desse processo terá um período de lock-up para a venda de suas ações até 31 de dezembro de 2029. Esse é também o prazo estabelecido para que a empresa atinja a universalização dos serviços de saneamento.

Em relatório, o Itaú BBA ressaltou sua visão positiva ao frisar que o modelo proposto oferece uma “solução inteligente” para a principal questão sobre o processo, relacionada à capacidade de o governo atrair um investidor estratégico caso o preço das ações da empresa subisse significativamente.

“Esperamos uma reação muito positiva do mercado a este anúncio, pois ele aumenta a probabilidade de atrair um investidor estratégico”, escrevem os analistas Marcelo Sá, Filipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha.

Para o quarteto, a atração desse investidor seria crucial para acelerar a implementação de mudanças necessárias para ampliar a eficiência da empresa e alcançar a meta de universalizar os serviços até o fim de 2029.

O relatório ressalta ainda alguns dos potenciais investidores estratégicos na operação. Entre eles, Aegea, Equatorial, Cosan, Votorantim e IG4. E recomenda aos investidores que comprem o papel, dado que sua avaliação atual é muito atrativa.

“Com essa estrutura de negócio, o preço das ações pode aumentar significativamente sem comprometer a entrada do investidor estratégico”, acrescentam os analistas, que mantêm a recomendação outperform e preço-alvo de R$ 120,32 para a ação.

As ações da Sabesp abriram o pregão na B3 com alta de mais de 2%, e, por volta das 10h47, subiam 1,93%, cotadas a R$ 83,01. No ano, os papéis acumulam uma valorização de 12,7%. A empresa está avaliada em R$ 56,7 bilhões.