Maior processadora de carnes do mundo, a JBS não vem economizando para adicionar novas proteínas e geografias à sua operação. Esse menu variado passa pela combinação de aquisições e de investimentos orgânicos no Brasil e em mercados como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Europa.

Sob essa ótica de diversificação, outro ingrediente, no entanto, tem cada vez mais espaço no cardápio da empresa brasileira. Disposto a não se restringir à sua origem na indústria, o grupo vem avançando e ganhando terreno também no varejo, seja ele físico ou digital.

“Ao longo do tempo, temos investido para estarmos mais próximos e termos mais insights do consumidor”, disse Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, em sua participação nesta quarta-feira, 1 de fevereiro, na Latin America Investment Conference, evento promovido pelo Credit Suisse.

Em um esforço que dialoga com o plano da JBS de reforçar os investimentos em branding e produtos de alto valor agregado, essa estratégia vai além dos seus produtos dispostos, por exemplo, nas áreas de congelados das redes do varejo alimentar.

No portfólio do grupo, um dos ativos que concentra muitas das iniciativas nessa direção é a Swift. E, nesse contexto, as lojas próprias da marca, cuja base já chega a aproximadamente 600 unidades no Brasil, são um dos principais movimentos.

“Começamos a investir nas lojas porque precisávamos viabilizar a categoria de congelados no mercado de carne bovina”, disse o executivo. “Todos os atendentes são nutricionistas. É algo diferente para o consumidor e estamos expandindo essa experiência nos Estados Unidos, no Canadá e no México.”

Em outra iniciativa mais recente e que ilustra essa pegada, a Swift inaugurou o primeiro restaurante da marca. Batizado de Meat Point, a steak house abriu as portas em Brasília (DF), em novembro do ano passado.

Ainda dentro do universo da marca e da busca pela diversidade em canais, a Swift também conta com uma loja virtual e investe no modelo de store in store dentro de unidades de redes de supermercado parceiras.

“Hoje, para atender ao consumidor, a cadeia não pode ser estanque”, observou Tomazoni. “Todos os elos precisam estar interligados e trabalhar juntos com seus clientes.”

Com essa mesma abordagem, a JBS também vem ampliando a presença do Açougue Nota 10, modelo no qual a companhia, por meio da marca Friboi, assume a operação de açougues de supermercados parceiros.

“É difícil para um varejista conseguir gerenciar com foco todas as categorias em sua loja”, observou Tomazoni. “Nós conseguimos trazer, de novo, uma experiência diferenciada nesse sentido.”

Esse formato já é adotado por mais de 460 redes e em mais de mil lojas no País. Entre os parceiros que engrossam essa estatística está o Assaí. Em uma fase agressiva de expansão, após a aquisição de lojas do Extra, a rede de atacarejo vem investindo nesse modelo em boa parte das suas unidades.

À parte dessas frentes, a JBS também tem reservado parte de seus investimentos a abertura de novos mercados em seu portfólio. Como parte dessa visão, a empresa, conhecida por seu apetite por M&As, investiu R$ 10,5 bilhões em sete aquisições desde 2021 em áreas como aquicultura e proteína cultivada.

“Mas também passamos a fazer investimentos em greenfield, o que não é um histórico da companhia”, ressaltou o executivo. Nesse sentido, ele citou como exemplo o investimento em uma fábrica da Seara nos Estados Unidos, dedicada a “especialidades italianas”.

Na B3, as ações da JBS estavam sendo negociadas com ligeiro recuo de 0,2%, a R$ 20,04, por volta das 12h20. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 8,8%. A companhia está avaliada em R$ 44,2 bilhões.