No dia 30 de junho, a chinesa Didi, dona da 99, realizou seu IPO em Nova York e levantou US$ 4,4 bilhões. Mas, em vez de ser lembrada como mais uma importante estreia de uma companhia chinesa em Wall Street, a data marcou o início de um pesadelo para quem investe em empresas de tecnologia da segunda maior economia do mundo.
Isso porque, dois dias depois, o governo chinês informou que estava revisando as práticas de segurança de dados da Didi e pediu que a empresa parasse de cadastrar usuários. Esse foi mais um capítulo de uma série de intervenções que também tem afetado outras empresas de tecnologia do país. Com destaque para a gigante de e-commerce Alibaba, alvo de medidas que buscam, por exemplo, combater abusos de mercado.
Desde a fatídica data, as ações do Alibaba nos Estados Unidos caem mais de 25% e operam no menor nível para o período, a US$ 166,35. Para os 10 maiores investidores da companhia, um grupo que inclui nomes como Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, o prejuízo chega à casa do bilhão.
Segundo uma estimativa feita pelo site americano Business Insider, o grupo de acionistas chegou a perder US$ 1,4 bilhão com a desvalorização dos papéis neste trimestre.
A Generation Investment Management - gestora fundada e presidida por Gore - possuía 3,9 milhões de ações da Alibaba no dia 30 de junho, o equivalente a cerca de US$ 890 milhões. De lá para cá, o montante foi reduzido em US$ 238 milhões, supondo que a instituição não tenha vendido ou comprado nenhuma ação no período.
A Fisher Asset Management, gerida pelo investidor bilionário Ken Fisher, contava com mais de 14 milhões de ações do Alibaba no fim de junho, uma posição de US$ 3,2 bilhões. A queda no preço das ações do grupo de e-commerce fez sumir US$ 860 milhões.
Perdas como as de Gore e Fisher foram impulsionadas nesta semana pela mais recente ação do governo chinês. Na terça-feira, dia 17, a Administração Estatal de Regulação do Mercado (SAMR) anunciou regras mais duras, com o objetivo de combater a concorrência desleal e a maneira como essas companhias usam os dados pessoais de usuários.
As empresas não devem usar, por exemplo, dados ou algoritmos para influenciar as escolhas de usuários, além de meios técnicos para capturar ilegalmente ou utilizar as informações de outras companhias.
Também serão proibidas a fabricação e a divulgação de informações enganosas para prejudicar a reputação dos concorrentes. As novas regras ficarão em consulta pública até o próximo dia 15 de setembro.
Entre os demais investidores que também acumulam duros golpes desde o dia 30 de junho, estão a Bridgewater Associates, de Ray Dalio, que perdeu US$ 86 milhões, e a GMO, de Jeremy Grantham, com prejuízo de US$ 62 milhões.
A Appaloosa Management, de David Tepper, e a Miller Value Partners, de Bill Miller, assistiram ao valor de suas posições cair em cerca de US$ 35 milhões, cada uma.
A Wood's Ark Investment Management teria visto a sua posição na Alibaba perder US$ 28 milhões no período, mas vendeu mais de 150 mil ações somente na segunda-feira, dia 16 de agosto, de um total de 463 mil. Com isso, conseguiu minimizar o prejuízo.
A Point72 Asset Management, de Steve Cohen, pode ter perdido US$ 27 milhões em sua participação na empresa. Por sua vez, o Daily Journal, que tem Charlie Munger, braço direito de Warren Buffet, como presidente, pode ter sofrido um baque de US$ 10 milhões, após ter comprado ações da Alibaba no primeiro trimestre.
Por último, o family office de Leon Cooperman comprou mais 15 mil ações da Alibaba no último trimestre, elevando a sua posição para 100 mil ações. Com a nova participação, a instituição pode ter experimentado uma desvalorização de US$ 6 milhões desde o dia 30 de junho.