Sempre visto como o país do futuro, com tudo para se tornar uma economia grande e próspera, o País não vai conseguir cumprir com as expectativas se não resolver três aspectos: a educação, o incentivo ao empreendedorismo e não desenvolver uma cultura de excelência, para se contrapor ao “jeitinho” de se fazer (ou não) as coisas.
Esses três aspectos são as grandes âncoras do desenvolvimento e precisam ser resolvidas para que o Brasil possa ter um futuro próspero e deixar o atraso que marcou sua história para trás, segundo Guilherme Benchimol, presidente do conselho de administração da XP Inc..
“O Brasil tem muitas mazelas, mas se começarmos a incutir na cabeça das pessoas a respeito da excelência, desde as coisas pequenas até as maiores, o País será capaz de tudo”, disse ele no primeiro painel da Expert XP, nesta quarta-feira, dia 3 de agosto, em São Paulo.
Os problemas do País foram levantados por Benchimol junto com nomes relevantes do empresariado brasileiro. Um deles, o veterano Carlos Alberto Sicupira, fundador da 3G Capital, destacou a necessidade de melhorar significativamente a questão da educação.
Para Sicupira, sócio de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles de longa data, a falta de educação resulta numa desigualdade de oportunidades, deixando milhões de pessoas pelo caminho. Ele acredita que a fundação do País, baseada na escravidão e que não realizou qualquer tipo de inclusão depois, reverbera até hoje e prejudica o desenvolvimento.
“A capacidade de aproveitar oportunidades vem da educação, e o nosso problema é a educação”, afirmou. “A origem disso vem da forma como fomos colonizados. Em estados que não tiveram uma colonização baseada na escravidão, a educação caminhou de forma diferente.”
A falta de educação é um fator que atrapalha tanto que para Fabricio Bloisi, presidente do iFood, as companhias precisam tomar para si o dever de formar pessoas.
Neste sentido, o iFood, juntamente com a XP e outras 18 companhias, lançaram, em julho deste ano, o Movimento Tech, que vai investir R$ 100 milhões para formar jovens em conhecimento tecnológicos.
“As empresas precisa atuar para melhorar a educação, especialmente em tecnologia”, afirmou Bloisi. “Temos que reclamar do governo também, mas a gente também precisa agir para lidar com essa situação.”
Ainda que falte capacitação, a questão cultural é algo que também precisa ser melhorada. Para Benchimol, falta ao Brasil criar um mindset que tire o País da letargia e que busque trazer para o dia a dia um compromisso com o trabalho e as boas práticas.
“No Japão, existe a cultura da honra, na Alemanha, a cultura da precisão, em Israel, a cultura da inovação, nos Estados Unidos, do empreendedorismo. Já no Brasil, é a cultura do jeitinho”, afirmou. “Eu não conheço empresa ou país que tenha dado certo sem ter cultura positiva, de fazer as coisas bem feito.”
O presidente do Grupo XP destacou ainda que o País tem uma veia empreendedora, citando que existem atualmente 23 milhões de pessoas, incluindo Microempreendedor Individual, buscando abrir seus próprios negócios.
Empregando 50 milhões de pessoas e respondendo por fatia relevante da arrecadação de impostos, Benchimol citou que o futuro passa por incentivar pessoas que buscam abrir seus próprios negócios. “Quem faz o Brasil acontecer são os empreendedores”, disse.
Mais jovem integrante do painel, com 25 anos, Pedro Franceschi, cofundador e co-CEO da Brex, destacou que as coisas no Brasil estão melhorando, ainda que numa velocidade mais lenta.
Fora do Brasil desde 2016, quando foi aos Estados Unidos junto Henrique Dubugras para fundar a startup que oferece cartões de crédito para empresas, ele vê o cenário para o empreendedorismo melhorando, o que deve gerar um ciclo positivo para abertura de novos negócios.
“Em 2016, não tinha histórias de sucesso de empresas de tecnologia no Brasil, e hoje temos vários casos de sucesso”, disse. “Empreender transforma os países de forma inimaginável. Os cases de sucesso geram inspiração e formando novas pessoas e empresas. É como se fosse juros compostos.”