A BlockFi é a nova vítima das consequências geradas pelo colapso da FTX. Nesta segunda-feira, 28 de novembro, a exchange de criptomoedas entrou com um pedido de proteção contra a falência nos Estados Unidos e escreveu um novo capítulo no drama vivido pelo mercado de criptomoedas.

Com US$ 257 milhões em caixa, a companhia informou ter um passivo que pode chegar a US$ 10 bilhões, com mais de 100 mil credores. Fundada em 2017 por Zac Prince e Flori Marquez, a BlockFi já atraiu investimentos de Bain Capital, Tiger Global, DST Global, Valar Ventures, entre outros.

Para lidar com o problema na mesa, a BlockFi recorreu ao Chapter 11 da legislação americana. Trata-se de um instrumento que permite que empresas com problemas financeiros possam continuar operando enquanto tentam firmar acordos com seus credores.

Ao buscar esse expediente, a BlockFi ressaltou que seu negócio foi exposto aos problemas da FTX e da Alameda Research (a empresa-irmã da exchange de Sam Bankman-Fried). “São reflexos da implosão da FTX. Essas e outras empresas que estão quebrando agora tinham relações com a FTX”, afirma Bruno Diniz, especialista em criptomoedas e fundador da consultoria de inovação Spiralem. “Há um contágio acontecendo.”

A BlockFi era detentora de ativos da FTX e fez empréstimos para a Alameda. Esses empréstimos tinham como garantia o token FTT, que nos últimos 30 dias perdeu quase 95% de seu valor. “É um token que, no fim do dia, não vale nada e se provou um problema”, observa Diniz.

No começo desse mês, a FTX se tornou a maior empresa do setor de cripto a registrar um pedido de falência. A companhia informou que devia mais de US$ 3 bilhões para os 50 maiores credores. O valor total da dívida com todos os credores da companhia ainda está sendo calculado.

Também no início de novembro, a BlockFi já havia interrompido os saques e passou a limitar a atividade em sua plataforma de negociação. Na época, o The Wall Street Journal relatou que a empresa estava se preparando para realizar um pedido de falência.

Em julho, a Three Arrows Capital já havia ligado o alerta para os problemas nesse mercado. Na época, o fundo de hedge cripto com sede em Cingapura entrou com um pedido de falência.

Mais recentemente, a americana Genesis suspendeu os saques de sua plataforma de empréstimos em uma decisão que poderia afetar também a Gemini, a corretora dos gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss. “Teremos mais casos e com outros players do mundo", afirma Diniz.

Para Diniz, esses casos ligam um sinal de alerta para a necessidade da regulamentação do setor, para evitar que casos semelhantes afetem os investidores no futuro. “Não tem como deixar isso passar. Quando as coisas azedam, tem que ter alguém para resolver o problema”, afirma.

No Brasil, o Projeto de Lei 4401/21 que regulamenta o setor de criptoativos e que estava travado na Câmara dos Deputados desde julho entrou na pauta do plenário nas últimas semanas. A votação está prevista para acontecer nesta terça-feira, 29 de novembro.