A crise da FTX começa a respingar em outras empresas do mercado de criptoativos. A primeira vítima foi a americana Genesis Trading que, nesta quarta-feira, 16 de novembro, decidiu suspender as operações de saque após experimentar um volume anormal de retiradas de ativos alocados em sua plataforma de serviços financeiros.

A interrupção se deu para as retiradas e as novas originações dentro da unidade de empréstimo da companhia. No fim do terceiro trimestre deste ano, a divisão havia registrado US$ 2,8 bilhões em empréstimos ativos.

Em mensagem aos clientes da companhia, a Genesis alegou que realizou a suspensão em função da “turbulência sem precedentes no mercado”. A companhia informou ainda que os pedidos anormais de retirada excederam a liquidez atual da operação.

Já em postagem realizada nas redes sociais, também nessa quarta-feira, a companhia informou que “está totalmente focada em fazer tudo o que puder para atender os clientes e navegar neste difícil ambiente de mercado”.

O caso da Genesis adiciona mais preocupação aos investidores do mercado de criptoativos após o caso envolvendo a FTX. A companhia de Sam Bankman-Fried entrou em colapso nesta semana por conta de uma crise de liquidez e de uma negociação frustrada com a rival Binance.

Ainda nessa quarta-feira, o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos anunciou que faria uma audiência sobre os incidentes ocorridos com a FTX e seus impactos na indústria de ativos digitais.

Enquanto isso, a Genesis está buscando opções para aumentar sua liquidez e lidar com a questão dos saques. Conforme reportado pela agência Bloomberg na segunda-feira, 13 de novembro, a companhia deve receber um aporte de US$ 140 milhões de sua controladora, a Digital Currency Group.

Esse montante deve ajudar a companhia a equilibrar as contas uma vez que a Genesis tinha US$ 175 milhões sob custódia na FTX antes do bloqueio das contas da exchange de Bankman-Fried.

A questão é que o caso da FTX começa a virar uma bola de neve. A suspensão dos saques na Genesis pode afetar diretamente também seus próprios clientes e parceiros. Nesse segundo grupo está a Gemini, a exchange criada pelos pelos gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss.

As duas empresas são parceiras em um produto que fornece aos clientes pagamentos de juros para emprestar seus criptoativos. “Estamos trabalhando com a equipe da Genesis para ajudar os clientes a resgatar seus fundos do programa o mais rápido possível”, informou a Gemini, em reportagem do jornal britânico Financial Times.

Os problemas com a FTX não são os únicos sinais de preocupação para a Genesis. A companhia foi duramente afetada por outro fracasso recente no mercado de cripto: o caso envolvendo a Three Arrows Capital.

Em julho, o fundo de hedge cripto com sede em Cingapura entrou com pedido de falência e colocou em risco os US$ 2,4 bilhões que a Genesis havia alocado na operação em empréstimos sem garantia.