O Inter anunciou a distribuição de R$ 70 milhões em dividendos, a primeira vez que isso acontece desde o IPO do banco digital, em abril de 2018, na B3 (hoje, os seus papéis são cotados na Nasdaq, onde foi listado em junho de 2022).
O valor representa 20% do lucro de R$ 352 milhões em 2023. Cada detentor de uma ação ordinária terá direito a US$ 0,03. Os dividendos serão pagos em 23 de abril deste ano, com base na posição acionário no fim de 16 de abril. Detentores de BDRs deverão receber em 6 de maio.
“A companhia entrou em um ritmo crescente e sustentável de lucro”, diz Santiago Stel, vice-presidente financeiro do Banco Inter, ao NeoFeed. “A ideia é compartilhar (o lucro) com os investidores. Eles têm de participar desse upside.”
No quarto trimestre de 2023 (dado mais atual), o Inter teve um lucro de R$ 160 milhões, alta de 451,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A distribuição de dividendos é um sinal que o Banco Inter dá ao mercado de que já está conseguindo colher frutos de seu plano “60-30-30” que prevê chegar a 60 milhões de clientes, 30% de rentabilidade (ROE) e 30% de índice de eficiência em 2027.
O banco digital alcançou a marca de 30,4 milhões de clientes no fim de 2023, sendo que 16,4 milhões deles são ativos. O ROE está em 8,5%, alta de 2,9 pontos percentuais na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. E o índice de eficiência ficou em 51,4%, um ano antes era de 73,4% (quanto menor, melhor).
Na visão de Stel, a perspectiva é que esse bom desempenho prossiga ao longo de 2024. “Esse foi o melhor começo de trimestre da história do Inter e foi melhor do que o quarto trimestre”, diz Stel, referindo-se aos três primeiros meses de 2024, cujos dados ainda não foram divulgados.
Stel acredita que o Inter tem, atualmente, três vantagens competitivas. A primeira delas é o custo do funding, que está em 60% do CDI. A outra é custo de servir um usuário, que é de R$ 12,5. E, por fim, receita de serviços em alta, que representa um terço da receita.
O vice-presidente financeiro do Inter destaca também a operação de follow on, realizada em fevereiro deste ano, que surpreendeu ao mercado pelo fato de a instituição financeira não estar precisando de capital. No quarto trimestre, por exemplo, o índice de Basileia estava em 23%.
A alegação para a oferta, que captou US$ 162 milhões, era atrair investidores internacionais para a base de acionistas e melhorar a liquidez do papel na Nasdaq
Antes do follow on, o Inter movimentava US$ 1 milhão por dia na Nasdaq. Agora, segundo Stel, o volume subiu para US$ 6 milhões.
Avaliado em US$ 2,5 bilhões, as ações sobem mais de 8% em 2024. Em 12 meses, o avanço é de mais de 230%.