O Inter, assim como os demais bancos digitais, vem sendo pressionado pelo mercado a ser lucrativo. Entregar trimestralmente apenas inovação e crescimento não é mais suficiente. No segundo trimestre, a instituição financeira comandada por João Vitor Menin começou a demonstrar uma combinação de resultados financeiros com os operacionais.

“A lucratividade foi o mais importante desse trimestre. Mostramos que o Inter é growth e resultado”, diz o CEO do Inter ao NeoFeed.

O resultado do segundo trimestre, publicado antes da abertura da negociação da Nasdaq, na segunda-feira, 14 de agosto, mostrou um lucro líquido de R$ 64 milhões, uma expansão de 313% sobre o mesmo período do ano passado e de 165% sobre o primeiro trimestre deste ano.

O consenso entre os analistas de bancos, antes da divulgação do resultado do Inter, era que o Inter entregaria um lucro líquido de R$ 44 milhões no segundo trimestre. O Santander estava pessimista e esperava R$ 34 milhões.

“Como companhia, não damos guidance, mas a mensagem é que houve melhoria de eficiência operacional, dos serviços do portfólio e inflexão da inadimplência. É disso para melhor”, diz Menin. Ele complementa: “Brincamos internamente que foi um trimestre de recordes. Mas não significa parar por aqui, não.”

A receita bruta de R$ 1,9 bilhão, crescimento de 33% sobre o mesmo período do ano passado, e a receita líquida de R$ 1,1 bilhão, alta de 31% na mesma base de comparação, mostram que o Inter conseguiu extrair mais receita de serviços, ativar a base de clientes e reprecificar a carteira de crédito.

A receita obtida com serviços aumentou 10%, para R$ 348 milhões e a expansão da carteira de crédito foi de 33%, para R$ 26,5 bilhões. A base de clientes atingiu quase 28 milhões, um acréscimo de 1,5 milhão no trimestre.

“Esperamos que o Inter continue se beneficiando das recentes estratégias de reprecificação”, escreveram os analistas do Santander Henrique Navarro, Arnon Shirazi, Anahy Rios na prévia dos resultados. “Mas a inadimplência pode continuar sendo um problema para a empresa, levando a um custo mais alto de risco e pesando no botton line.”

No segundo trimestre, o índice de inadimplência do Inter acima de 90 dias foi de 4,7%. No primeiro trimestre estava em 4,7% e há 12 meses, 3,9%. Pré-divulgação, a expectativa do Bank of America (BofA) era de um indicador de 4,4% e a do Santander, 5%.

“A inadimplência subiu um pouco no trimestre, mas a inclinação foi mais branda. Chegamos ao pico. Vejo o segundo semestre mais positivo e uma redução dos níveis. Inadimplência incomoda, mas está ‘confortável’”, afirma Menin.

No segundo trimestre, o Inter conseguiu reduzir em nove pontos percentuais o seu índice de eficiência. No setor bancário, quanto mais baixo é o indicador, melhor. No período, o Inter alcançou 53% na comparação com o trimestre anterior - o banco começou o ano com um índice de eficiência de 75%. Entre os bancos incumbentes, o Itaú reportou indicador de 39,6%; o Bradesco, de 46,8%; e o Santander, de 48,1%.

Menin diz que está “otimista com o segundo semestre e superotimista com o Inter”. Do lado macroeconômico, a inflação cedendo e a taxa básica de juros em trajetória de queda são fatores importantes, assim como o programa de renegociação de dívida para famílias Desenrola.

No início de julho, o Inter deu início a uma reorganização da liderança para reduzir a hierarquia e deixar a operação mais leve. Em 9 de agosto, o banco anunciou Santiago Stel, ex-executivo do Morgan Stanley que participou recentemente da abertura de capital de empresas do setor financeiro como XP e Nubank, como novo CFO.

A ação do Inter está sendo negociada a US$ 3,68 na Nasdaq e acumula alta de 68,7% em 2023 e de 17,2% em 12 meses. No relatório publicado em 8 de agosto, o preço-alvo do BofA era de US$ 3,80 - upside de 3,3%. O valor de mercado do banco é de US$ 1,5 bilhão.