A BPool, uma plataforma que une grandes anunciantes a empresas do setor criativo e tem clientes como Unilever, Google, TikTok, Novartis e L’Oréal, recebeu um investimento de Thiago Piau, ex-CEO da empresa de pagamentos Stone e que está, agora, à frente da Teya (antiga Salt), uma espécie de “Stone” da Europa e que tem os mesmos sócios da empresa brasileira.

O aporte traz para a base de acionista da startup fundada por Beto Sirotsky e Daniel Prianti um executivo com grande experiência em pagamentos, em um momento em que a BPool se prepara para oferecer serviços financeiros. “Piau é um investidor estratégico e está nos ajudando a abrir novas avenidas de crescimento”, diz Sirotsky, em entrevista ao NeoFeed.

A aproximação com Piau aconteceu quando a BPool começou a pensar em investir em serviços financeiros em sua plataforma. Sirotsky, que estava próximo da Stone, resolveu levar a ideia para Piau, um homem de confiança de André Street, o fundador da Stone.

O objetivo era ouvir sua opinião. Mas o executivo gostou tanto da ideia que resolveu investir na BPool - o valor do aporte não é revelado. Hoje, de acordo com Sirotsky, Piau tem ajudado na estratégia para que a startup se torne uma fintech.

Uma das características da relação entre grandes anunciantes e empresas do setor criativo é o prazo de pagamento, que, muitas vezes, são superiores a 90 dias.

A BPool está trabalhando para oferecer um serviço de antecipação de recebíveis para esse público, uma nova oferta que pode aumentar a receita da startup em até 20% em 2025, segundo os cálculos de Prianti. “A gente vê muita empresa de tecnologia que começa ir para uma veia fintech. Esse é um caminho muito fértil”, afirma Prianti.

No ano passado, a BPool movimentou um GMV de R$ 115 milhões. A estimativa é que, neste ano, a plataforma consiga transacionar R$ 200 milhões – uma parte desse valor fica com a startup por intermediar a transação.

Neste momento, a BPool está rodando um MVP (Minimum Viable Product) com volumes baixos para fazer a modelagem do produto de antecipação de recebíveis e para desenhar interfaces de propostas automatizadas às agências.

Prianti, ao mesmo tempo, está conversando com bancos e analisando a forma como a BPool vai atuar com serviços financeiros. A captação de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) não está descartada e é uma das opções que está em análise.

“Estamos fazendo, a princípio, para atender a nossa própria demanda, mas pode ser estendido para o mercado publicitário e de marketing”, afirma Prianti.

Como as empresas que contratam os serviços de marketing da BPool são grandes empresas, o risco de fornecer crédito é considerado baixo. A startup, através de sua plataforma, consegue também acompanhar o desenvolvimento das entregas, como também tem uma avaliação de cada de serviço prestado.

Os fundadores da BPool: Daniel Prianti (à esq.) e Beto Sirotsky
Os fundadores da BPool: Daniel Prianti (à esq.) e Beto Sirotsky

“São mais de 1,5 mil projetos. As notas variam de 0 a 5 e a maioria é 4,7 e 4,8. Isso nos ajuda a entender esses processos de adiantamento de recursos”, afirma Sirotsky.

Um primeiro teste dessa vertente financeira da BPool aconteceu com o lançamento do BPay, que acelera pagamentos de fornecedores sem a necessidade de novos cadastros, o que reduz taxas e evita também bitributações.

Breakeven e nova rodada

No ano passado, a BPool buscou uma nova rodada de investimento. Mas diante das condições adversas de mercado, a startup optou por segurar o aporte.

A BPool já captou aproximadamente R$ 20 milhões e tem como sócios a Chromo Invest, gestora que surgiu do family office de Jayme Sirotsky, um dos fundadores do grupo de comunicação RBS, e a Quartz, fundo de venture capital de José Galló, um nome histórico da varejista Renner.

A estratégia foi chegar ao breakeven, o que foi conquistado em 2023. Ao mesmo tempo, a BPool não tirou o pé do acelerador para manter o crescimento. “Resolvermos segurar a rodada. Com a empresa crescendo nesse nível, as oportunidades iriam surgir”, relembra Sirotsky.

Atualmente, a BPool conta com 70 clientes e 1.500 agências especializadas e independentes em sua plataforma. Além disso, oferece curadoria para a contratação de mais de 4 mil profissionais por meio da Ollo, plataforma de freelancers comprada em 2022.

Presente em 10 países da América Latina, o México é o principal mercado da companhia depois do Brasil. A BPool está presente também nos Estados Unidos, onde abriu uma operação no fim de 2021, que é comandada por Matheus Barros, que é sócio também da startup.

Em 2024, os planos da BPool são o de voltar ao mercado em busca de capital. O fato de acrescentar um componente fintech ao seu modelo de negócios pode ser um aliado nas negociações.