Num esforço para reduzir sua alavancagem financeira, a Raízen assinou um acordo para repassar mais um grupo de projetos de usinas de geração solar distribuída (GD) para o Patria Investimentos.
O NeoFeed apurou que a Raízen Energia, unidade da joint venture formada por Shell e Cosan voltada a serviços de energia renovável, acertou a venda desses ativos para uma subsidiária controlada pelo Patria Infraestrutura Energia Core Renda Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura (Patria Infra Core FIP).
A operação já foi enviada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Não foi possível apurar o valor nem quantos projetos estão envolvidos na venda.
A transação representa um desdobramento de outro acordo firmado entre Raízen e Patria, em abril deste ano, também envolvendo projetos de GD. A Raízen anunciou a venda de 31 projetos para a Élis Energia, empresa controlada pelo Patria.
Os ativos totalizam capacidade instalada agregada de até 115,4 megawatt-pico (MWp) e o acordo foi fechado por até R$ 700 milhões, valor a ser pago à medida que os projetos forem desenvolvidos e construídos pela Raízen e transferidos à compradora até dezembro deste ano.
O acordo aprovado pelo Cade foi alterado para contemplar a possibilidade de alguns projetos serem adquiridos pelo Patria Infra Core FIP, em vez do Patria Infra FIP IV, envolvido na primeira operação.
A Raízen colocou uma série de ativos à venda para lidar com o nível de endividamento, fruto de investimentos elevados desde a abertura de capital, em 2021, e o recente ciclo de alta de juros.
No quarto trimestre do ano safra 2024/2025, a dívida líquida cresceu 79% em base anual, para R$ 34,2 bilhões, mas recuou 11,2% em base trimestral. A alavancagem subiu de 1,3 vez para 3,2 vezes na comparação anual.
A estratégia de desinvestimentos envolve se desfazer principalmente ativos considerados não core, caso da geração distribuída. Em setembro do ano passado, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o CEO da Raízen Power, Frederico Saliba, informou que a empresa tinha decidido vender todas as usinas de geração distribuída, para focar apenas no serviços a clientes e captação de novos consumidores.
A reportagem apontava que a Raízen Power operava 87 usinas de pequeno porte nas fontes solar, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e biogás em 14 Estados, com capacidade instalada total de 177 megawatts.
Em dezembro, em comunicado a respeito da evolução do processo de reciclagem de portfólio, a Raízen informou que vendeu até 31 projetos de GD para a Brasol, investida de um fundo da BlackRock e da Siemens, por R$ 475 milhões.
Apesar da estratégia estar voltada para atividades não core, isso não significa que a Raízen não esteja olhando para ativos de açúcar e etanol. Neste mês, a companhia anunciou a venda da Usina de Leme, por cerca de R$ 425 milhões.
Procurados pelo NeoFeed, o Patria e a Raízen não se manifestaram até a publicação desta matéria.
Com valor de mercado de R$ 2,4 bilhões, a ação da Raízen está em queda de 17,4% no ano.