A FSB Holding, maior empresa de relações públicas (PR) do Brasil, está entrando em uma nova área com a aquisição da Santeria, uma das produtoras mais premiadas do Brasil internacionalmente.

Com a transação, a FSB passa a atuar na área de audiovisual, principalmente em vídeos publicitários, mas com planos de se expandir para outros segmentos, como a produção de conteúdo para entretenimento — incluindo séries, filmes e projetos incentivados.

“Estamos vendo a importância cada vez maior do vídeo no nosso dia a dia de comunicação”, diz Marcos Trindade, CEO da FSB Holding, ao NeoFeed. “A ideia é construir o maior hub de audiovisual do nosso país. A entrada da Santeria é só o primeiro passo."

O negócio envolve a compra de uma fatia relevante, porém minoritária, da Santeria, fundada por Edgard Soares Filho e Felipe Luchi, que seguirão à frente da produtora. A FSB Holding, no entanto, tem a opção de adquirir 100% da produtora. O valor do negócio não foi divulgado.

A Santeria tem cinco anos de história e se notabilizou por ganhar diversos prêmios internacionais. A produtora já conquistou oito Leões em Cannes, Grand Prix no El Ojo e Ciclope Latino, além de prêmios no Clio, D&AD e One Show, entre outros festivais, e de ter sido indicada ao prêmio Caboré em 2022.

“A Santeria vive o seu melhor momento, com crescimento de faturamento e reconhecimento artístico”, afirma Soares Filho. “A entrada na FSB é para nos dedicarmos à expansão do grupo.”

O namoro entre a Santeria, que faturou R$ 60 milhões no ano passado, e a FSB Holding começou com uma parceria estratégica em 2024. Durante um ano, as duas empresas colaboraram em projetos dentro da carteira da FSB, que tem mais de 400 clientes no setor privado e público. “Essa experiência positiva levou à decisão de integrar a Santeria ao ecossistema da FSB”, afirma Trindade.

O plano agora é aumentar rapidamente a presença no setor de audiovisual. Soares Filho tem mandato para acelerar M&As nesse setor, buscar talentos que não são sócios de empresas desse mercado, integrar produtoras especializadas e passar a produzir conteúdo de entretenimento – hoje, a Santeria é focada em vídeos publicitários.

“Vamos buscar verbas incentivadas, projetos de streaming. Essa verba vai para uma série ou um filme e não está na publicidade”, afirma Soares Filho. “Vamos aproveitar as sinergias com os clientes da FSB.”

Os sócios da Santeria e da FSB (esq. à dir.) Felipe Luchi, Francisco Soares Brandão, Edgard Soares Filho e Marcos Trindade

Trata-se de um mercado que movimentou R$ 25 bilhões e gerou 86 mil de empregos formais no ano passado. Só Ministério da Cultura (MinC) e a Ancine investiram R$ 2,6 bilhões em fomento para mais de 600 produtoras, que vão lançar 1.100 filmes e séries no país.

A compra da Santeria se insere na estratégia de M&As que a FSB Holding vem empreendendo nos últimos anos para ir além de seu negócio principal, as relações públicas. A tática é adotar um modelo de partnership, que ficou consagrado no mercado financeiro. Francisco Soares Brandão, que fundou a FSB, e Trindade, no entanto, seguem como controladores e majoritários.

Com 45 anos de atuação, a FSB Holding contava com 10 empresas. Três delas são agências de relações públicas, como FSB Comunicação, Loures Consultoria e Giusti Creative PR. Em publicidade e digital, atua com a Jotacom. A Seta é da área de relações institucionais e governamentais, e a Beon, de sustentabilidade.

Completam o portfólio da FSB Holding a Nexus (pesquisa e inteligência de dados), a Deck (estratégia de influência), a Involv (comunicação interna e marca empregadora) e a Bússola (plataforma de conteúdo).

A Santeria, a 11ª empresa da FSB Holding, não concorre com a Jotacom. Ao contrário: em muitas situações, é contratada pela agência da FSB.

De acordo com Trindade, a agenda de M&As deve seguir ativa ao longo de 2025, uma estratégia importante para que a FSB Holding atinja seu plano de faturar R$ 1 bilhão em 2028.

No ano passado, a receita alcançou R$ 734 milhões. Neste ano, a meta é chegar a R$ 840 milhões, levando-se em conta apenas o crescimento orgânico. Os M&As em curso podem fazer essa cifra ser ainda maior.