Nos últimos 12 meses, a Espaçolaser reduziu quase um ponto percentual da sua alavancagem, para 2,3 vezes a relação dívida líquida sobre o Ebitda. Esse indicador vinha sendo um problema para a empresa de depilação desde o momento em que ficou perto de estourar os covenants (obrigações e compromissos com os credores) da segunda emissão de debêntures.
O que colaborou para essa queda foi o forte desempenho no primeiro trimestre, com a melhor margem Ebitda dos últimos 10 trimestres, de 26,9%. É um avanço de 2,8 pontos percentuais sobre o primeiro trimestre de 2023.
Ao mesmo tempo, a companhia apresenta outros indicadores financeiros fortes para o mercado. A receita líquida cresceu 2,7%, para R$ 274,8 milhões, no período. E o lucro líquido ajustado foi de R$ 13,2 milhões no trimestre, aumento de 21,3% na comparação anual.
“Tivemos o recorde histórico de receita bruta da companhia, temos um programa de seis quarters apresentando ganhos de eficiência operacional, como custos, despesas e headcount”, diz Magali Leite, CEO da Espaçolaser, em entrevista ao NeoFeed.
O mercado cobrava bastante a redução do número de cancelamentos. Embora não haja inadimplência porque a venda do serviço é feita via pagamento recorrente, o que pode gerar desistência no meio do pacote, a Espaçolaser reduziu esse churn para o menor patamar em 18 meses. Foram quase dois pontos percentuais de queda para 10%.
“A nossa estrutura de capital é suficiente para as nossas obrigações com os credores, para o nosso programa de investimentos no ano e também comporta esse nível de cancelamento. Queremos reduzir, e tem uma série de iniciativas para isso, mas conseguimos conviver com esse indicador”, diz Leite.
Até o fim do ano passado, a despesa financeira da Espaçolaser estava incompatível com a geração de caixa da empresa. O reperfilamento da dívida passou pelas mãos de Magali Leite, que era a CFO da companhia. Ela ajudou tanto na renegociação com o pool de bancos como na coordenação da emissão de uma debênture.
Em meados de fevereiro deste ano, a companhia emitiu sua terceira debênture, que englobou a holding e a operação, e levantou R$ 733 milhões, pagando CDI+4,5% com um prazo de cinco anos.
“Conseguimos manter o mesmo grupo de credores e trazer Banco do Brasil e a Caixa. Se esses dois bancos decidiram entrar na companhia para nos ajudar a não abrir mão de liquidez e diminuir a exposição dos outros credores, é porque eles enxergaram aqui um potencial de investimento”, diz a CEO.
Leite assumiu a liderança da empresa de depilação no fim de março no lugar de Paulo Camargo. Desde o momento em que assumiu como CEO da Espaçolaser em agosto de 2022, Camargo vinha fazendo um trabalho de ajuste operacional e financeiro.
“É uma continuidade da execução da estratégia, que está dando muito resultado pelos indicadores e números apresentados, com uma geração de caixa potente”, diz a CEO.
No primeiro trimestre, a Espaçolaser abriu nove franquias no Brasil, encerrando o período com um total de 796 lojas no País. Na América Latina foram outras seis aberturas, para um total de 58 lojas. Ao todo, a empresa de depilação fechou os primeiros três meses do ano com 854 unidades.
Em paralelo à apresentação dos resultados, a Espaçolaser lançou o rebranding de sua marca, que ganha uma nova tipologia e uma mudança de tonalidade da cor azul. A transição será feita de forma gradual ao longo dos próximos meses.
Na bolsa de valores, a ação ESPA3 acumula baixa de 17,2% no ano. O valor de mercado da companhia é de R$ 365 milhões.