Desde o fim de 2023, o varejo tem sido palco de mudanças no comando das empresas, em diferentes frentes do setor. Pague Menos, Marisa e, mais recentemente, Vivara são apenas alguns exemplos dessa movimentação.

Agora, quem está reforçando essa lista é a Espaçolaser. Em fato relevante divulgado no início da noite de quarta-feira, 21 de março, a companhia anunciou a renúncia de Paulo Camargo ao posto de diretor-presidente da operação.

Quem assume o cargo é Magali Leite, que, até então, atuava como diretora financeira e de relações com investidores. A executiva está na empresa desde junho de 2023 e acumulará essas funções com a nova posição até que um novo nome seja escolhido para ocupar seu antigo posto.

No comunicado, a rede de depilação a laser ressaltou que Leite - com bagagem em setores como serviços, telecom saúde, energia, mídia e no próprio varejo - vem contribuindo para a melhora relevante nos resultados de 2023 e liderando o fortalecimento da estrutura de capital da companhia.

Nesse contexto, uma das iniciativas capitaneadas pela executiva e destacadas pela empresa foi a terceira emissão de debêntures, no valor de R$ 733 milhões, realizada em fevereiro deste ano. No processo, a rede alongou o prazo média da sua dívida de 1,5 ano para 3,7 anos.

Ao mesmo tempo, a companhia frisou que, desde que assumiu como CEO, em agosto de 2022, após uma passagem de sete anos pela Arcos Dorados, Paulo Camargo levou a rede a “entregas expressivas de resultados e geração de valor com crescimento consistente”.

A pessoas próximas, o executivo dizia que estava sem tempo para fazer tudo o que gostaria. Ele, por exemplo, tem um livro sobre gestão com a Editora Gente que não consegue ser finalizado.

Nesse período à frente da Espaçolaser, ele mergulhou na empresa para promover uma transformação. Brecou a expansão orgânica para economizar caixa - e consequentemente baixar o endividamento - a acelerou via franquias - como explicou no programa Números Falam, do NeoFeed.

Camargo não sairá imediatamente da Espaçolaser. Ele ajudará no processo de sucessão e essa passagem de bastão será feita em um cenário positivo para a empresa, a julgar pelos resultados do quarto trimestre e do ano de 2023 divulgados também nesta quinta-feira.

O balanço trouxe alguns marcos para a companhia. A começar pela receita líquida de R$ 268,5 milhões entre outubro e dezembro, o que representou uma alta de 4,8% e um recorde trimestral para a empresa. No ano, a linha cresceu 8,1%, para R$ 1 bilhão.

Já em system-wide-sales, que correspondem às vendas totais das unidades da rede, o crescimento trimestral foi de 0,4%, para R$ 500,5 milhões, outro marco para a operação. No ano consolidado, o indicador avançou 7%, para R$ 1,6 bilhão.

A Espaçolaser registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 7,4 milhões, contra uma perda de R$ 12,9 milhões em igual período, um ano antes. Em 2023, por sua vez, a rede apurou um lucro líquido ajustado de R$ 6,5 milhões, revertendo o prejuízo R$ 46,9 milhões em 2022.

No trimestre, o Ebitda ajustado avançou 29,8%, para R$ 43,9 milhões e, no ano, o crescimento foi de 39%, para R$ 213,1 milhões. Entre outubro e dezembro, a margem Ebitda ajustada ficou em 16,4%, contra 13,2%, um ano antes. E, de 2022 para 2023, evoluiu de 16,5% para 21,2%.

A companhia reduziu sua dívida líquida em R$ 6 milhões na comparação anual, para R$ 594,5 milhões. E encerrou o ano com uma alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, de 2,36 vezes, contra 3,1 vezes em 2022.

As ações da empresa encerraram o pregão dessa quinta-feira em queda de 1,85%, cotadas a R$ 1,06. No ano, os papéis têm desvalorização de 13,11% e a empresa está avaliada em R$ 383,1 milhões.