No universo dos investimentos, uma das disputas mais comentadas é a que acontece entre XP e BTG Pactual. Isso, sem falar do avanço deles sobre os clientes dos grandes bancos. Há, entretanto, um player que vem comendo pelas beiradas.

Trata-se da Genial Investimentos, plataforma com R$ 150 bilhões sob custódia. Sem nunca ter recebido um aporte ou aberto capital, a companhia vem avançando com as próprias pernas e ganhou mais destaque no último ano.

Inicialmente como um investimento do banco de atacado Brasil Plural, ela se tornou a cara do grupo formado por experientes players do mercado financeiro. No ano passado, a marca Brasil Plural saiu de cena e tudo passou a se chamar Genial Investimentos.

Pode parecer um mero detalhe, mas o movimento da companhia deixou claro a aposta da companhia no segmento de pessoa física. A empresa ainda reforçou a ligação com o tricampeão de Roland Garros, Guga Kuerten, sócio e embaixador da marca; e criou uma miniagência de publicidade interna.

Hoje, a Genial, conta com 840 funcionários, conta com mais de 1 milhão de clientes. “No ano passado, abrimos 300 mil contas e esse ano estamos abrindo 600 mil contas”, diz Rodolfo Riechert, CEO da Genial. A meta é chegar a R$ 170 bilhões sob custódia até o fim do ano.

Rodolfo Riechert, CEO da Genial Investimentos

Para isso, Rodolfo contou com exclusividade ao NeoFeed algumas das estratégias da companhia que estão para sair do forno ainda neste ano. Entre elas, o lançamento da plataforma de cripto Vexter, uma conta global e cartão de crédito. Acompanhe:

A transformação da marca
"Como grupo, somos uma operação relativamente pequena em termos de tamanho de patrimônio. O nosso objetivo, nos últimos dois anos, foi criar a unificação da marca. Em novembro do ano passado, saímos da Berrini (avenida Luiz Carlos Berrini, em São Paulo) e viemos para a Faria Lima. Também estamos no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, abrindo um escritório em Florianópolis, e contamos com bases em Miami, Orlando, Chicago, Nova York e Lisboa, onde estamos comprando uma corretora."

De corretora a banco
"Não adianta ser só uma corretora. Tem que ter a parte de pagamentos, tem que ser integrado para o cliente poder operar conosco. Temos Pix, crédito colateralizado, Ted entrando nesse mês e, até outubro, vamos lançar e oferecer o cartão de crédito para os clientes. Não vamos nos lançar em mar aberto nesse mercado, é mais um serviço para a nossa base. Em um ano, 30% dos clientes deverão ter um cartão nosso."

Conta global
"Teremos uma conta internacional e investimentos no exterior. Vamos lançar daqui a cinco ou seis meses e, na parte de investimentos, faremos uma parceria com a Apex. O cliente poderá investir tanto em ações, ETFs e bonds. O nosso objetivo realmente é ter uma plataforma na qual, em vez de ficar operando Brasil, o cliente vai operar o mercado que realmente conta, que é o americano. Quando lá mexe, aqui mexe. Quando aqui mexe, lá nem sabe que existe."

A entrada no mundo cripto
"Considero a Genial o maior player financeiro, regulado pelo Banco Central, no mercado de cripto no Brasil. Fomos coordenadores líderes de todas as operações da Hashdex. Somos os administradores de todos os fundos da Hashdex. Temos mais ou menos R$ 3 bilhões em fundos deles que são administrados aqui. Somos investidores da Flow BTC, do Mercado Bitcoin e da Foxbit. Isso é o futuro do mercado financeiro. Agora, estamos criando uma plataforma nossa, o mercado está pedindo um preço mais justo, mais barato e mais trading oriented. Ela se chamará Vexter. Era para ela ser uma rede social de investimentos e resolvemos transformá-la em uma plataforma de cripto."

O nascimento da Vexter
"Vamos colocar no ar dentro de um mês e meio. A Vexter vai começar com 50 pares de troca de moedas. A plataforma será orientada para quem opera. Teremos as principais moedas, os futuros e opções. Mas o grande ponto é que daremos limite para o investidor operar. Se ele tem ação da Vale na minha custódia, por exemplo, poderá operar bitcoin alavancado ou futuro. É um negócio integrado, esse é o pulo do gato."

Motor para terceiros
"Além de fazer os serviços para a gente, fazemos para vários clientes. Fazemos o Banking a Sevice, Investment as a Service, Insurance as a Service e, mais para a frente, faremos o Cripto as a Service. Na parte de investimentos, por exemplo, fazemos para o banco BRB, o Sicredi, o Sicob, Banestes, Sofisa e outros bancos. A cara é deles, um white label, mas o motor de investimentos é nosso. Plataformas de varejo estão nos procurando para usar o nosso serviço de Banking as a Service."

A vida sem um aporte
"Das plataformas que estão aí, a Genial é a única que não teve aporte de investimento. O nosso desafio para o ano que vem é ser mais institucionalmente conhecido. Para isso, tem que ter um tamanho maior. Hoje, temos um patrimônio líquido de R$ 400 milhões, mas, para a quantidade de negócios que temos, faria muita diferença ter um PL maior. Abrir capital sempre foi a parte preferencial para poder trazer os nossos clientes para dentro."

Uma guerrilheira no meio da XP e BTG?
"Temos essa ambição. Sabemos que não temos uma marca desejada como é a da XP e a do BTG, hoje em dia, para o investidor pessoa física. Para o cliente trader, somos desejados. Nunca tínhamos feito uma campanha institucional, estamos fazendo agora, e a construção de marca vai levar um tempo ainda. Mas aqui temos duas obsessões: dados e atendimento ao cliente."