A rede de academias Selfit contratou o Bank of America (BofA) para encontrar um comprador por uma fatia minoritária ou até majoritária, que pode dar saída parcial para a gestora de private equity HIG Capital, que investiu na companhia quando ela tinha quatro lojas, apurou o NeoFeed.

A ideia é apresentar a companhia a investidores internacionais. Segundo apurou o NeoFeed, o objetivo é entender como o mercado encara o ativo, um rival da Smart Fit, a principal rede de academias da América Latina.

De acordo com uma fonte próxima à Selfit, o objetivo seria um non-deal road show, em que a companhia é apresentada a investidores, mas sem fazer negócios. Outra fonte, porém, confirma que o mandato do BofA é de venda.

A Selfit, fundada em 2012 por Nelson Lins e Leonardo Pereira, conta com aproximadamente 180 lojas, a maioria delas é própria. A maior parte dessas lojas está localizada em estados do Nordeste. Sul e Sudeste têm ainda baixa penetração.

Estima-se que a Selfit tenha aproximadamente 350 mil membros. E o Ebitda gira na casa de R$ 150 milhões. “Se for bem vendida, pode chegar a um valor de R$ 1,5 bilhão”, diz uma fonte.

Esse seria um múltiplo de 10 vezes o seu Ebitda. A Smart Fit, que vale R$ 15,3 bilhões na bolsa brasileira, tem um múltiplo, em outubro deste ano, de quase 6 vezes, segundo dados da Elos Ayta Consultoria.

Smart Fit e Selfit, no entanto, são complementares. Enquanto a empresa fundada por Edgar Corona foca em grandes centros urbanos e nas classes A e B, a Selfit está localizada em cidades menores e em capitais do Nordeste. Seu público é composto pelas classes C, D e E.

A HIG Capital entrou em 2015 na Selfit. Na época, o valor do investimento não foi revelado. Mas a gestora de private equity, em geral, tem preferência por transações de controle, apesar de fazer poucos aportes minoritários, tornando-se um sócio relevante capaz de influenciar a gestão da empresa.

A tese da HIG Capital é simples. A gestora, que tem US$ 1 bilhão de ativos sob gestão no Brasil e mais de US$ 60 bilhões no mundo, atua no middle market, em busca de empresas com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão, com Ebitda entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões.

O sweet spot é investir entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões. Mas a gestora já fez cheques de R$ 20 milhões e de R$ 500 milhões. “Depois de 10 anos, chegou a hora de sair”, diz uma fonte. “Mas eles são pacientes e gostam de esperar o melhor momento.”

Em entrevista ao Café com Investidor, programa do NeoFeed, em outubro de 2024, Fernando Marques Oliveira, sócio da HIG Capital, disse que tem uma perspectiva de longo prazo. “Já vendemos investimentos em três anos, quatro anos e cinco anos. Mas não temos problema de carregar o investimento por dez anos”, afirmou Oliveira.

Na ocasião, o sócio da HIG Capital comentou também que o fundo de US$ 740 milhões, captado para investir na América Latina, tinha dinheiro para fazer mais um ou dois investimentos. E que, no prazo de um ou dois anos, iria precisar captar de novo.

Isso explica por que, nos últimos meses, vários ativos da HIG Capital estão à venda. A gestora também contratou o BofA para procurar um comprador para a LG lugar de gente, como publicou com exclusividade o NeoFeed.

A Desktop, que atua com fibra óptica no interior de São Paulo, também negocia sua venda. A Claro está em negociações, mas até o momento não há proposta vinculante, como publicou o Brazil Journal e foi confirmado pelo NeoFeed.

Antes disso, a Desktop se engajou em negociações com a Vivo, notícia revelada com exclusividade pelo NeoFeed na época. O negócio não saiu. O principal entrave, na época, foi o preço. No IPO, em agosto de 2021, o papel saiu a R$ 23,50. Hoje, está cotado a R$ 14,29, desvalorização de quase 40%.

No começo de outubro deste ano, a HIG Capital vendeu a NZN, dona dos sites TecMundo, Voxel, Minha Série, Mega Curioso e The BRIEF, para o Estadão. O valor do negócio não foi revelado e marcou a saída da gestora americana do investimento.

Um ano antes, foi a vez de sair da Eletromídia. A participação de 47,1% da HIG Capital foi comprada pela Globo, em uma transação de R$ 1,7 bilhão. Em julho, a operação foi concluída e a companhia que atua em mídia “out of home” deixou a B3.

Procuradas, a Selfit e a HIG Capital disseram que não iriam comentar.

(Atualização: a primeira versão dessa reportagem estava com o nome errado dos fundadores da Selfit, Nelson Lins e Leonardo Pereira.)