No final de fevereiro de 2020, a informação de que a Berkshire Hathaway teria comprado ações do IRB Brasil pegou o mercado de surpresa. Afinal, o ressegurador vinha sofrendo com os questionamentos sobre seu desempenho, gerando incompreensão sobre por quê o bilionário Warren Buffett investiria numa companhia nessa situação.

No fim, tudo não passou de uma fake news disseminada por alguns membros da antiga administração. Desde então, o IRB vem trabalhando para se reerguer e tentar colocar no passado essa história, que ganhou status de lenda no mercado. Ainda assim, o caso segue afetando a empresa.

O mais recente desdobramento dessa trama veio à tona nesta segunda-feira, 24 de abril, com o anúncio de que a empresa fechou um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) para pagar uma compensação de US$ 5 milhões a acionistas por conta do episódio.

O acordo com as autoridades americanas prevê ainda que o IRB terá de aprimorar suas práticas de controles internos, governança e conformidade, se submetendo a acompanhamento e reporte periódico por um período de até três anos.

Segundo comunicado do DoJ, o IRB, por meio do ex-CFO Fernando Passos, executou um "esquema fraudulento" após a gestora Squadra alegar que dados financeiros foram maquiados, situação que resultou numa forte queda das ações no período.

"Em resposta (ao relatório da Squadra), Passos desenvolveu e executou um esquema para enganar os acionistas e investidores ao disseminar e fazendo com que fossem disseminadas informações materialmente falsas de que a Berkshire Hathaway investiu no IRB, apesar de saber que a Berkshire Hathaway não fez qualquer investimento", diz trecho do comunicado do DoJ.

A fake news, porém, não durou muito tempo, com a própria Berkshire Hathaway se vendo obrigada a soltar um comunicado no começo de março de 2020 desmentindo a "informação".

Como consequência, as ações, que já estavam sob pressão, sofreram ainda mais. Negociado a R$ 41,41 em 31 de janeiro de 2020, o papel passou a valer R$ 6,47 em apenas dois meses.

Cinco meses depois dos questionamentos da Squadra, o IRB reconheceu que os resultados tinham sido maquiados, reapresentando os números de 2018 e 2019. Os dados corrigidos mostraram um lucro líquido R$ 670 milhões menor no período.

Enquanto trabalha para se recuperar de todos os efeitos desse episódio, o IRB vem registrando prejuízo. A empresa encerrou 2022 com um saldo negativo de R$ 630,4 milhões, valor que representa uma melhora de 7,6% ante o resultado de 2021. O total de prêmio emitido recuou 10%, para R$ 7,9 bilhões.

As ações do IRB fecharam o pregão de hoje com alta de 6,23%, a R$ 27,62. Em 12 meses, os papéis acumulam 68,3%, levando o valor de mercado da empresa a R$ 2,3 bilhões.