Com 51 anos recém-completados, Flávio Augusto da Silva acumula uma série de negócios bem-sucedidos e lucrativos em seu currículo. Nesta quinta-feira, 23 de fevereiro, ele adicionou mais uma peça à sua coleção de acordos e lucros estratosféricos.
Silva acaba de vender, com a porteira fechada, sua mansão em Orlando, na Flórida, por cerca de R$ 190 milhões. Na negociação, que durou cerca de um mês, o comprador, um brasileiro, cujo nome não foi revelado pelo empresário por conta de um acordo de confidencialidade, superou uma segunda proposta, feita por um americano.
Segundo o portal Orlando Business Journal, quem adquiriu o imóvel foi a SOZO Real Estate, empresa que tem como presidente Henrique Vorcaro. O empresário é o fundador do grupo Multipar e pai de Daniel Vorcaro, dono do banco Master, instituição que, entre outros investimentos, comprou o Fasano Itaim, em São Paulo. O empreendimento tem previsão de inauguração no segundo semestre desse ano.
Como prova do talento de Silva para realizar bons negócios, a venda da mansão é, de acordo com a plataforma MLS, que registra todas as vendas feitas na região, o maior acordo envolvendo um imóvel residencial na Flórida Central. Até então, esse título pertencia uma casa vendida em 2022, por cerca de R$ 80 milhões.
“É a maior transação imobiliária da região desde Cristóvão Colombo”, brinca Silva, em entrevista ao NeoFeed. “A casa não estava à venda, mas recebemos duas ofertas interessantes e vendemos. Sou apegado à minha família. Procuro curtir cada projeto, se pinta uma proposta boa, sempre faço negócio.”
Outros números ajudam a explicar esse desapego. Instalada no condomínio de Isle Worth, no bairro de Windermere, a mansão foi construída pelo empresário e sua família em um terreno de aproximadamente 14 mil metros quadrados, adquirido em 2015, por cerca de R$ 8,6 milhões.
O imóvel, em estilo art déco, consumiu três anos de obras para ser finalizado e um investimento total de R$ 95 milhões. Com uma área construída de 3,5 mil metros quadrados, a mansão tem, entre outros atrativos, quadra de basquete, campo de futebol, duas pistas de boliche e uma piscina semiolímpica.
“É uma casa diferenciada para a região. Imóveis desse tipo são mais comuns na Califórnia, em Nova York”, observa Silva. Ele afirma que o timing ideal da transação teve a contribuição de um outro componente.
“Com a pandemia, houve uma migração interna bastante intensa de americanos vindo para a Flórida, que teve uma grande valorização imobiliária”, diz. “De 2020 para cá, o estado recebeu cerca de 400 mil novos moradores.”
Para ele, o fato de sua família ter “curtido” intensamente o imóvel justamente durante toda a pandemia, em função dos lockdowns impostos no período, tornou mais fácil o processo de se desfazer do ativo.
“Nós construímos a casa como uma empresa. Você sabe que um dia pode vendê-la, fazer um IPO. É um processo natural”, afirma. “Nós fomos afortunados e conseguimos aproveitar bem a casa. Esses três anos equivaleram a uma década. Agora, é partir para a próxima aventura.”
Esse é a terceira residência vendida por Silva nos Estados Unidos. Com outros imóveis em Portugal – um deles locado para um príncipe árabe - e no Brasil, ele já planeja comprar outra casa em Orlando, dado que costuma dividir seu tempo entre os três países. Mas inclui prováveis escalas em outros destinos.
“Nos últimos 30 anos, eu morei em sete países e, em média, dois anos e meio em cada casa”, conta, deixando claro que esse estilo de vida meio “nômade” seguirá sendo cultivado pelo clã. “Mas ainda pretendo morar em outros dois países, na Ásia e na América Central.”
O destino do dinheiro
Já quanto ao lucro obtido na venda da mansão, Silva sinaliza que boa parte dos recursos terá como provável destino a operação da Wiser Educação. E aqui, ele volta a ressaltar a importância do imóvel que abrigou a família nos últimos três anos.
“Foi dentro dessa casa que eu reconstruí a Wiser, em um momento delicado. Com a pandemia, tivemos que transformar um negócio presencial em outro modelo totalmente diferente”, diz. “E nós criamos um negócio novo, que saiu de um faturamento de R$ 215 milhões, em 2019, para R$ 501 milhões, em 2022.”
Parte dessa reconstrução passou pela abertura de novas frentes e de um conceito mais amplo, focado em empregabilidade. Essa transição foi acelerada com seis aquisições feitas. A mais recente, em janeiro, da MedCof, de cursos preparatórios para residência e titulação médica. E mais acordos estão no forno.
“Temos dois acordos em vias de serem fechados. A expectativa é que, ao menos um deles, seja concluído entre março e abril”, diz Silva. “Além disso, já olhamos mais de 80 empresas e temos 15 delas em fase intermediária de análise.”
Segundo o empresário, novas aquisições serão financiadas pela própria geração de caixa da empresa e, se preciso, pelos sócios que compõem a operação. Além de Silva, a holding tem como acionistas o empresário Carlos Wizard Martins e o fundo Kinea, ligado ao Itaú Unibanco.
“Nós estamos olhando tanto para reforçar áreas que já trabalhamos, como inglês e concursos, como para ingressar em segmentos que ainda não atuamos”, afirma. “Em resumo, tudo o que envolver educação, tecnologia e empregabilidade está no nosso escopo.”
Histórico de sucesso
Para quem começou essa história em 1995 com um empréstimo de R$ 20 mil no cheque especial para abrir a primeira unidade da Wise Up, sua escola de inglês, os resultados têm sido excelentes.
Em 2013, o empresário vendeu a rede de idiomas por R$ 939 milhões para a Abril Educação e desembolsou R$ 240 milhões para adquirir o Orlando City, clube da liga americana de futebol. Dois anos depois, ele recomprou a Wise Up, por R$ 380 milhões.
A saga teve sequência em 2021, com a venda do Orlando City, em um acordo cujo valor não foi revelado, mas que foi estimado, na época, em R$ 2,2 bilhões. Desde então, ele está à frente da Wiser Educação, holding criada a partir da Wise Up e que abriga nove empresas em seu guarda-chuva.