Nos mais de doze anos em que esteve no BTG Pactual, à frente da área de private equity, Carlos Fonseca fechou investimentos em empresas como a Rede D’Or e a Stone. Agora, essa bagagem acumulada em M&As começa a ganhar um histórico também na Galapagos Capital, empresa de investimentos fundada por ele em 2019.

O mais novo capítulo nesse script começa a ser escrito nesta quinta-feira, 26 de janeiro, sob o mote da aquisição da Cypress, boutique brasileira com forte atuação na assessoria de M&As e na estruturação de operações de captação de recursos e de investimentos.

Com o acordo, cujos valores não foram divulgados, os oito sócios da Cypresss, incluindo os fundadores Luiz Felipe Alves, Carlos Parizotto, Eduardo Borges e Fabio Matsui, passam a ser sócios da Galapagos. E, com o reforço desse time e dos ativos da Cypress, a empresa vai ampliar o seu escopo.

“Com a Cypress, conseguimos fechar o nosso ecossistema de uma forma muito sinérgica”, diz Fonseca, sócio-fundador da Galapagos, ao NeoFeed. “Na prática, a partir dessa combinação, o que está nascendo é o investment banking da Galapagos.”

Fonseca e os fundadores da Cypress tiveram seus primeiros contatos há cerca de 15 anos, quando o sócio da Galapagos ainda estava no BTG Pactual. Mas as conversas entre os “velhos conhecidos” só ganharam outro tom em meados de 2022, durante um café, a princípio, descompromissado.

“A Cypress já tinha sido assediada em algumas oportunidades e sempre optamos por preservar a nossa independência”, conta Luiz Felipe Alves, da Cypress. “Mas começamos a falar sobre o que cada um estava fazendo. Havia muita complementaridade e a conversa evoluiu rapidamente para um acordo.”

Em 18 anos de atuação, a Cypress coleciona mais de 150 transações, que movimentaram mais de R$ 15 bilhões. O portfólio inclui desde acordos como a compra da Feedz pela Totvs, em 2022, por R$ 66 milhões, até a estruturação e a captação de um fundo imobiliário de R$ 644 milhões para a Vibra.

“Nosso foco é M&A e sempre foi o middle market, com empresas que faturam entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão”, afirma Alves. “Nós rodamos, em média, entre 50 e 60 mandatos simultâneos, sendo que, em 70% deles, assessoramos o sell side.”

No quebra-cabeça da Galapagos, a Cypress se encaixa no braço de Debt Capital Markets (DCM), onde a companhia atua da originação à estruturação de debêntures e certificados de recebíveis imobiliários, entre outras operações. E com foco em ativos high yield, ou seja, com maior risco e potencial de retorno.

“No jogo do DCM, é muito natural que surjam operações de M&A para que você preste uma assessoria para aquele cliente”, observa Fonseca, que ressalta outra sinergia entre a Galapagos e a Cypress nesse contexto. “E dois terços das operações em que você pega o mandato são do sell side.”

Carlos Fonseca, da <a href=
Galapagos Capital" width="860" height="484" /> Carlos Fonseca, sócio-fundador da Galapagos Capital

Em 2022, a Galapagos contabilizou mais de 50 transações em sua área de DCM, que somaram, aproximadamente, R$ 1,8 bilhão. “Com a Cypress, nossa expectativa é fazer cerca de R$ 3 bilhões em operações em 2023”, diz o sócio  da Galapagos.

Na visão de Fonseca, a aquisição e a estruturação do braço de investment banking também abrem caminho para que a empresa encorpe outros negócios da Galapagos, como a área de wealth management. Hoje, no total, a empresa tem cerca de R$ 17 bilhões em ativos sob gestão.

“Quando você vende a empresa de um cliente, por exemplo, aquele empresário vai precisar de alguém que cuide dos seus recursos, num business de wealth management”, diz. “Então, agora nós conseguimos ter um arcabouço completo dentro dessa lógica.”

Integração

No caminho para consolidar esse modelo, o investment banking da companhia nasce com a marca Galapagos Cypress. Além dos 15 profissionais de DCM da Galapagos, essa operação vai incorporar os sócios, o time de 50 pessoas e os três escritórios da Cypress em São Paulo, Curitiba e no Rio de Janeiro.

“Como a Cypress não tinha nada de DCM e de wealth management e nós não tínhamos nada de M&A, essa integração é muito simples.”, afirma Fonseca, que destaca as oportunidades de vendas cruzadas na junção desses dois portfólios. “Temos muitas operações no pipeline.”

Alves acrescenta: “Em momentos como esse, em que o mercado de capitais está mais restrito, um M&A sempre ganha força como alternativa para o empreendedor se capitalizar e buscar recursos”, diz. “Nesse cenário, nós começamos o ano bastante acelerados.”

A Galapagos não é, porém, a única “novata” no mercado disposta a ingressar nessa arena. Em julho de 2022, por exemplo, a EQI incorporou a equipe de investment banking da Rosenberg Partners, ganhando capacidade para realizar M&As e estruturar dívidas, também com tíquetes menores.

Da mesma forma, o apetite inorgânico da Galapagos não está restrito à aquisição da Cypress e a esse espaço. Entre outros acordos, em outubro de 2020, a empresa comprou a Ativa Wealth Management. Já em fevereiro de 2022, adquiriu a corretora de investimentos do banco BS2. E vem mais por aí.

“Estamos em fase final de due diligence de um negócio de um ativo ‘ultra high’, dentro de wealth management, que devemos concluir nas próximas semanas”, diz Fonseca. “Com isso, nós fechamos nosso ecossistema o foco estará mais em desenvolver o que já temos dentro de casa.”